Durante um tempo eu, fui chefe de cozinha de uma empresa promotora de eventos numa pequena cidade do interior de São Paulo. Apesar de todas as dificuldades, trabalhei lá por quase 10 anos.
A empresa contava com um grande salão, conhecido por nós como salão “Safira”. Tínhamos uma rotina intensa e desgastante, trabalhando, às vezes, dias seguidos sem dormir. Neste espaço, diga-se de passagem gigantesco, aconteciam coisas que não sabíamos como explicar. Aí é que começa o meu Relato Sobrenatural…
Era mês de março. Fazia um calor insuportável e estávamos em uma temporada de eventos muito dura. Tínhamos, nesta data, uma formatura de medicina pra duas mil pessoas, que, por sinal, era a menina dos olhos do meu patrão, pois eram os formandos mais ricos.
Tudo andava normalmente. Centenas de pessoas trabalhavam pra organizar tudo: som, iluminação, palco, decoração, comida, etc. Lá pelas duas da tarde, ouvimos vindo da cozinha um baque estranho e surdo, abafado, seguido de alguns gritos de horror do pessoal que estava por lá. Então, todos correram pra saber o que havia acontecido e vimos que, um dos rapazes da iluminação, que estava colocando alguns holofotes no salão, havia tomado um choque grotesco em uma altura de quase seis metros e, quando caiu de lá, morreu na hora. Depois de polícia, IML, bombeiros, etc, a vida resolveu continuar.
O tempo foi passando e, certo dia, tivemos um outro evento no mesmo salão, só que, o horário de início, nos obrigava a ir trabalhar de madrugada. Como eu era chefe de cozinha, era minha obrigação chegar mais cedo e abrir todas as dependências do local.
Neste dia, cheguei às 3:00 da manhã e, normalmente, fui executando minhas tarefas. Quando fui para o bendito salão “Safira”, no que eu abri a porta principal, de repente, um grito desesperador e um baque surdo, muito alto ecoaram por toda aquela imensa escuridão. Eu, seguindo instintos idiotas, fui correndo ver o que havia acontecido, acreditei que alguém havia caído e se machucado. Mas daí, pensei:
“Como pode isso se eu estou sozinha aqui?”
Parei no meio da escuridão do enorme salão e, quando acendi a lanterna do celular pra tentar ver alguma coisa, saiu uma faísca muito forte, vinda do teto e eu VI, eu sei que vi, alguém gritar e cair lá de cima. Ouvi novamente aquele estrondo e saí de lá correndo, tremendo e pálida.
Eu vi! Eu sei que vi!
Cheguei na cozinha esbaforida e contei pra um colega recém chegado o que eu havia visto. Ele riu alto e foi andando em direção ao salão, dizendo que o estresse estava me deixando louca. Mas, eu fique onde estava. Aquilo me assustou demais. Então ouvi outro grito. Levantei com um pulo e fui lá ver. O meu colega estava no chão, em posição fetal e chorando. Ele tinha visto mesmo que eu. Ele viu alguém gritando e caindo do telhado, enquanto de um lugar no teto sem fios elétricos, apareciam faíscas estranhas. Nunca mais ele riu destas coisas.
Eu acho que este fantasma, se assim posso dizer, deve estar em um looping, vivendo sua morte dia após dia. Será isso o tal inferno?
Mais pessoas disseram ter visto ou ouvido coisas neste lugar. Eu saí de lá com um baú de histórias, qualquer hora eu conto mais…