Nas profundezas de um velho manicômio, onde os gritos dos esquecidos se misturam com o ranger das velhas estruturas, é onde eu trabalho!
Eu sou James, um vigilante noturno num antigo manicômio, um lugar tão sombrio quanto os segredos que ele abriga. Minhas noites são uma constante, vagando por corredores escuros, acompanhado apenas pelo eco dos meus próprios passos e, ocasionalmente, pelo alvoroço distante de algum paciente perdido em sua própria mente.
Conheço cada canto deste lugar, cada porta rangendo, cada mancha nas paredes descascadas, cada corredor com sua escuridão profunda.
Uma noite, enquanto eu percorria uma das alas, um sussurro indecifrável parou-me. O som parecia vir de todos os lugares e sem parar, como um eco distante de uma conversa esquecida. Seguindo o som, encontrei um rádio antigo emitindo estática, em um dos quartos sem ninguém lá. Desliguei-o, atribuindo o incidente à minha imaginação, alimentada pelas lendas que envolvem este lugar.
Na noite seguinte, uma descoberta incomum me esperava na mesa de minha base: um diário velho e embolorado, com páginas arrancadas e cheio de rabiscos incompreensíveis.
De onde é que ele veio? Era de algum dos pacientes? Folhei-o, sentindo um arrepio. As palavras escritas, embora confusas, pareciam narrar fragmentos de histórias estranhamente familiares, como se eu mesmo as tivesse vivido.
À cada noite que passava, meu reflexo nos espelhos do manicômio ficava mais distorcido, como se uma sombra se sobrepusesse sobre minha imagem.
Uma noite, ao passar por um espelho partido, vi claramente uma figura atrás de mim. Virei rápido, mas só encontrei o vazio e o silêncio. As sombras nos cantos pareciam ganhar vida e os reflexos já não me mostravam, mas alguém… ou algo assim… um vulto desconhecido!
As vozes ficaram mais persistentes, cada vez mais claras, pronunciando um tal “James”, que se tinha perdido em sua própria mente.
Não, isso era impossível. EU era o vigilante, o guardião deste lugar! Essas vozes não podiam ser minhas, não podiam ser minha história.
Mas a verdade me atingiu numa noite, quando um médico, passando por mim, me olhou com uma mistura de horror e misericórdia:
“– James, você… Você está morto!” – exclamou antes de “sumir”.
Confuso e assustado, corri para o meu escritório. Mas em vez disso, entrei numa cela desolada, com um nome gravado na porta: “James”.
A revelação foi monstruosamente assustadora!!!
As vozes, o diário, os reflexos distorcidos… eram ecos da minha própria mente doentia. Eu não era o vigilante deste manicômio. Eu era um dos pacientes, perdido num delírio, em que me tornara o guardião da minha própria prisão mental.
Nos corredores deste manicômio, agora vagando, eu sou mais um eco entre tantos, preso num labirinto de sombras e sussurros, como uma alma perdida, incapaz de discernir entre a realidade e as alucinações de uma mente há muito perturbada.
Fonte: Psicografado por Maria Elizabeth Guarnieri – Artigo do periódico “A Mediunidade”, jun/2024 – FERGS – Federação Espírita do Rio Grande do Sul – Porto Alegre-RS.
1 comentário
gostei…muito bom, apesar de ser curto as histaria da pra imaginar o cenário