Todas as noites eu sonhava com uma menina usando um vestido azul, que falava sempre pra encontrá-la na floresta. Certo dia decidi seguir meus instintos e ir investigar aquilo.
Quando eu estava quase chegando na floresta, que era o local onde a menina do vestido azul me pedia pra ir encontrar com ela, encontrei um sedã branco cheio de sangue no pára-brisa.
Assim que me aproximei do veículo, percebi que, dentro dele tinham corpos em estado avançado de decomposição. A carne estava toda coberta por moscas, a pele se desprendendo dos ossos, uma cena horrível. Então tentei ligar para a polícia, mas não havia sinal por ali.
Por conseguinte, decidi entrar na floresta e lá no meio do mato fechado, encontrei uma cabana. Tentei abrir a porta e, pra minha surpresa, ela estava destrancada, então entrei. Dentro dela, poucos móveis enfeitavam o ambiente empoeirado, úmido e mofado. Em uma mesa no centro da sala, tinham alguns livros de magia branca, e outros de magia negra espalhados.
Saindo de lá, entrei em um cemitério. Ele parecia abandonado, já que estava tudo muito mal cuidado. Mas aquele era um cemitério medieval, onde só eram enterrados os cavaleiros e os nobres.
Andando e olhando o local, do nada eu tropecei, caí e bati com a cabeça em uma das lápides, chegando a ficar inconsciente. Assim que acordei e recobrei meus sentidos, olhei com muita dificuldade para a pedra na qual bati a cabeça e consegui ler o meu nome. Mas como? Como pode isso acontecer? Eu sei que eu estou vivo! – Eu pensei comigo.
Logo após isso, senti uma presença atrás de mim, como se alguém estivesse me observando. Assim que virei, vi a menina de azul dos meus sonhos, mas ao lado dela estava uma cópia de mim. Era uma cópia, ou era eu mesmo?
Ele veio com tudo pra cima de mim e me acertou com uma pá na cabeça e, novamente, eu desmaiei.
Acordei com gosto forte de terra na boca e uma pressão enorme no peito que me fazia sentir falta de ar. Acordei espantado e não acreditei no que estava acontecendo: eu fui enterrado vivo, ou estaria mesmo morto?
Não pensei duas vezes e logo tratei de ir me desenterrando. Foi relativamente fácil, visto que a cova era rasa, sorte a minha.
Ao conseguir sair daquele túmulo improvisado, a única coisa que me veio à cabeça naquele momento, foi ir embora o quanto antes daquele local.
Então, perto do portão, eu dei de cara com a menina de azul que correu ao meu encontro me chamando de papai. Eu quase cheguei a acreditar naquilo, mas depois de tudo eu não me segurei. Eu a matei e a enterrei ali mesmo naquele cemitério.
Alguns dias depois, a polícia descobriu tudo o que tinha acontecido. Fui preso e, na cadeia, eu tinha visões da menina do vestido azul. Até que um dia, eu enlouqueci de tanto pensar na filha que eu matei e, agora, eu estou aqui.
Se você ficou louco tentando entender essa história, nem se dê ao trabalho. Imagina como eu, um louco, deve estar se sentindo agora.
Você, já sonhou com a menina de azul? Se não, é porque ela já deve estar com você agora, enquanto lê isso.