‘Túmulo que chora’ é atração em cemitério de Sarapuí, interior de SP

por Mundo Sombrio
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No cemitério de Sarapuí, no interior de São Paulo, um túmulo se tornou o foco de atenção na região. Nele está enterrado um antigo benzedor da cidade, e o que o torna uma atração curiosa é o fato de a sepultura verter água, um líquido cuja origem permanece desconhecida e que tem atraído visitantes de diversas localidades.

Esse fenômeno vem ocorrendo há mais de sete anos, e o local já foi apelidado de “túmulo que chora” pelos frequentadores. Com cerca de três mil jazigos, o cemitério é o único da cidade e abriga os restos mortais de figuras importantes que marcaram a história e o desenvolvimento local. Entre elas, está Pedro Manoel dos Santos, o benzedor que faleceu em 2000, e cuja sepultura se tornou célebre por essa estranha ocorrência.

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Ezequias Martins, o fiscal do cemitério, relatou que, aproximadamente cinco anos após a morte de Santos, em 2005, o túmulo começou a apresentar o fenômeno de verter água de maneira inexplicável. Para investigar, o túmulo foi aberto e, segundo testemunhas, quase 100 litros de água foram removidos. O túmulo permaneceu aberto por 12 dias até a água secar completamente. Contudo, após ser fechado novamente, a água reapareceu.

Tumulo que chora • mundo sombrio
Algumas pessoas chegam até a beber a água que sai do túmulo que chora (Foto: Samuel Medeiros / G1)

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) foi chamada ao local para verificar a existência de alguma fonte de água ou encanamento, mas nada foi detectado. Para evitar que a água continue a se acumular dentro da sepultura, foi feito um pequeno furo para drenagem.

Os visitantes do túmulo descrevem Pedro Santos como um homem bondoso e prestativo, que utilizava apenas água em seus benzimentos. Desde que a sepultura começou a verter água, muitas pessoas passaram a visitar o local, trazendo flores, acendendo velas e fazendo pedidos com fé. Elas acreditam que a água que escorre do túmulo tem poderes curativos e é um sinal relacionado ao benzedor.

É raro ver a água escorrendo diretamente pelo furo da sepultura. Para retirá-la, é necessário o uso de uma mangueira inserida no orifício. Ezequias Martins afirmou que o número de visitantes tem aumentado, o que impede a água de se acumular a ponto de vazar pelo furo.

O site G1 esteve no local em três ocasiões tentando captar o escoamento da água sem a intervenção da mangueira. Na última visita, na quinta-feira (12), foi observada uma leve umidade ao lado do furo, e Martins conseguiu coletar uma pequena quantidade de água com a mangueira, que foi colocada em um copo. “As pessoas acreditam que essa água cura doenças. Algumas aplicam a água nas partes do corpo que desejam curar, enquanto outras chegam até a ingeri-la”, relatou.

Martins também começou a registrar os visitantes em um livro, e já anotou a presença de pessoas de várias cidades, como Itapetininga, São Paulo, São Caetano do Sul, Salto de Pirapora, Embu das Artes, Alambari, Pilar do Sul, Votorantim, Tatuí, Sorocaba, São Bernardo do Campo, Araçoiaba da Serra e até de Maringá, no Paraná.

José Teixeira, um aposentado de Alambari, foi uma dessas pessoas que, ao ouvir falar do túmulo, decidiu visitá-lo e ficou impressionado com o que viu. “Eu precisava ver com meus próprios olhos para acreditar”, comentou ele.

Cemiterio 3 • mundo sombrio
Água é retirada com auxílio de uma mangueira (Foto: Samuel Medeiros/G1)

Por outro lado, há quem duvide da veracidade do fenômeno. Terezinha do Carmo Santos, moradora da cidade, acredita que pode ser apenas um vazamento de água ainda não identificado. “A cura que as pessoas atribuem à água está mais no psicológico delas do que em qualquer outra coisa. Isso tudo pode ser apenas uma coincidência”, disse.

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O padre André Luiz Garcia, pároco da cidade, considera o fenômeno um mistério, mas sugere que a água que verte pode ser resultado de uma transpiração do túmulo, variando conforme as condições climáticas. Ele também destacou que a cura vem da fé que as pessoas depositam, e não da água em si.

Em meio à crescente curiosidade, a Vigilância Sanitária decidiu investigar, reunindo-se com profissionais da saúde pública para coletar uma amostra da água, que será enviada ao Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para análise. Enquanto isso, o local será interditado até que a origem da água seja determinada. A Vigilância alerta que as pessoas devem evitar consumir a água, pois o solo do cemitério é um ambiente propício à contaminação.

A família de Pedro Manoel dos Santos, o benzedor, preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

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