Quem é Matinta Perera?
A Matinta Perera é uma personagem do folclore brasileiro, mais precisamente na Região Norte do país.
Trata-se de uma bruxa velha que, durante a noite, se transforma em um pássaro agourento que pousa sobre os muros e telhados das casas, começa a assobiar, e só para quando o morador, com muita raiva pelo estridente assobio, promete a ela algo para que pare (geralmente tabaco, mas também pode ser café, cachaça ou peixe).
Assim, a Matinta Perera para de assobiar e voa. No dia seguinte, vai até a casa do morador perturbado para cobrar o combinado. Caso o prometido seja negado, uma desgraça acontece na casa daquele que fez a promessa e não a cumpriu.
Lenda da Matinta Perera
Há bastante tempo atrás, na Região Norte do Brasil , morava uma moça chamada Matinta Perera. Era muito alegre e feliz, e ela gostava muito de fumar nas suas horas vagas, porém ela tinha um problema: seu marido era muito furioso e ciumento.
Certo dia, quando Matinta estava grávida, seu marido chegou bêbado e muito bravo em casa. Os dois tiveram uma discussão horrível e o homem acabou matando a esposa. Só que Matinta era protegida por forças sobrenaturais e recebeu um dom: seu espírito ganhou a capacidade de se transformar em mulher de dia e em pássaro durante a noite.
Como ela gostava muito de fumar, de dia ela batia nas residências pedindo fumo. Se alguma pessoa negasse a dar o fumo para Matinta, ela voltava de noite para colocar o feto de sua criança morta na porta da casa de quem negou-lhe o tabaco.
Tem mais, quando alguém de alguma família estava para morrer, Matinta tinha a capacidade de perceber este fato e, por isso, de noite, esta moça virava um pequeno pássaro que ia cantar perto da casa da família.
O Interior e suas Criaturas Bizarras
Relato Por Richard Dylan Silva
Não sou muito de acreditar em criaturas monstruosas e espíritos, mas quando nos deparamos com uma situação incontestável é difícil não crer.
No primeiro passeio que fiz com minha família ao interior de Vigia-PA passei por uma dessas situações. Eu estava um pouco cansado e por isso me deitei cedo na rede do lado de fora da casa.
Antes de dormir ouvi algumas historias de familiares, que as narravam para meter medo ou crendice nos mais jovens, fato que aquilo não me assustou em nada, mas fiquei curioso em ouvi-las até o final.
A historia que contaram era sobre uma suposta velha que por uma maldição todas as noites se contorcia, ganhava um aspecto horrendo com os cabelos jogados para frente escondendo a face e caminhava entre as matas.
Que historia mas sem noção eu disse, então me preparei para dormir. Após um vento frio me espantei de madrugada, quando me levantei da rede pude sentir um clima estranho, notando que agora o único som que eu ouvia era o que vinha da mata que nos rodeava.
Entre alguns assobios de pássaros um se destacou, demorei um pouco para notar mas esse assobio era detalhadamente como a historia que contaram..
Na hora pensei que poderia ser apenas um pássaro qualquer, mas mesmo assim fiquei relacionando com a historia enquanto tentava dormir, deitado e com o olhar vazio para o teto.
O assobio era exatamente como na historia e a cada vez ele ficava mais distante (segundo a história, significaria que a Matinta estaria se aproximando ), porem não dei muita atenção, até que ouvi um grito enorme vindo do lado lado oposto ao que eu tinha me deitado.
O grito era como de um porco, só que com vocais humanos, algo tenebrante mesmo.
Aquilo já não poderia ser mas minha imaginação, incrível que ninguém acordou depois daquele grito enorme. Logo quando me levantei da rede vi um vulto muito rápido correndo para a mata a minha frente.
Decidi que eu não dormiria mais nessa noite, e fiquei encarado a mata na minha frente pelos restante de tempo até o amanhecer. Imaginação ou não, eu vi um rosto de uma mulher já de idade retribuindo o olhar da mata, ela não tinha muitas aspectos sociáveis, era como um animal com olhar assustado. Ela estava lá, como um animal quadrúpede apenas me olhando.
Desde esse dia eu tento não ser tão cético, acredito que a vida é muito curta pra ser limitada apenas a o que é humano.
A Verdadeira Matinta Perera ou Matita Perê
O Matinta Perera (do tupi matintape’re), matintaperera, matintaperê, ou saci (do tupi sa’sï, onomatopeia) é conhecido também como mati, matitaperê e pitica (Pará), saci-do-campo, sem-fim, fém-fém, peitica, tempo-quente, peixe-frito (Bahia), e peixe-frito-seu-veríssimo. Em inglês, é chamado american striped cuckoo, four-winged cuckooou brown cuckoo; em francês, chemineau tacheté; em castelhano, crespín ou cuco rayado. Seu nome científico é Tapera naevia.
É um pássaro que tem cerca de 30 cm de comprimento (incluindo 15 cm de cauda), 11 cm de envergadura e pesa em torno de 55 gramas. Comum em campos com arbustos e árvores esparsas, clareiras e cipoais em margens de rios. Vive solitário, no estrato médio ou nas copas das árvores. É encontrado do México à Bolívia e Argentina, incluindo todo o Brasil. Apesar de muito conhecido pelo canto (que lembra a palavra “saci”, o que lhe valeu o nome popular) é difícil vê-lo.
Como muitos outros cuculídeos, o Matinta Perera é um parasita que põe seus ovos em ninhos de outras espécies de pássaros, para que estas os choquem e criem os filhotes. No Brasil, seus ovos são encontrados em ninhos de joão-teneném (Synallaxis spixi), joão-teneném-becuá (Synallaxis gujanensis) e joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons), entre outros. Põe de um a dois ovos, de cor azul-clara, em cada ninho parasitado. A incubação é mais curta do que a do hospedeiro e o filhote usa o bico para eliminar a concorrência de seus “irmãos”.