Foi no último acampamento que aquilo aconteceu, talvez eu nem possa mais acampar ou escalar montanhas como fiz daquela vez…
Três amigos e eu resolvemos fazer um acampamento em um lugar do qual não conhecíamos, o local nem existe no mapa, o encontramos por outros colegas nossos de escaladas que nos passaram o mapa conforme eles sabiam.
Era um lugar bem longe da cidade, pegamos nosso carro e quando chegamos nos deparamos com um show da natureza, montanhas e mais montanhas, florestas, rios, tudo o que procurávamos e pouco se achava.
Estacionamos o carro e pegamos uma trilha clandestina em meio a mata, fomos marcando nos troncos das árvores sinais pra gente não se perder, o som do canto dos pássaros era fascinante, nunca vi um lugar tão belo, mas também tão isolado.
Após uma caminhada chegamos no final da floresta, onde era rochosa, chegamos em um lindo vale, muitas montanhas e um caminho cheio de pedras até chegarmos lá, atravessamos uma ponte de madeira, cada passo naquela ponte e naquele caminho era muito bem manobrado, a ponte estava apodrecendo, parecia que ninguém passava por ali a séculos.
Enfim o caminho nos fez chegar a um vale totalmente diferente da floresta que antes passamos, um lugar no meio de todas as montanhas, um imenso lugar, seco, não havia árvore ou arbustos ali, e sim muita terra seca e poeira.
Parecia um deserto, mas as montanhas nos esperavam, e então percorremos tudo aquilo em meio a um sol desértico, e no decorrer deste caminho nos deparamos com muitas caveiras espalhadas por todos os lados.
Havia muita ossada, conforme a gente andava pisávamos sempre em ossos, a maioria das caveiras eram humanas, deveria ter mil delas por lá, algumas com aspecto bastante antigas, parecia mais um vale dos ossos.
Estávamos no meio do caminho quando aquilo começou a acontecer, o que nos preocupou, seja como for que todas aquelas pessoas morreram ainda dava tempo de correr, não tinha lógica tantas mortes, como morreram? Se tinha tantas caveiras humanas era sinal de que também corríamos perigo, alguém os fez aquilo.
Decidimos voltar para a floresta e pegar nosso carro, cair fora dali o quanto antes, olhamos para o céu sob uma luz solar avermelhada e urubus sobrevoavam ao alto, mas rapidamente seus voos se aproximavam de nós em baixo.
Não eram urubus, mas isso não era bom, o que vimos eram pássaros enormes, bicos grandes e afiados, garras suficientes para um ataque mortal, nunca vi tal espécie, não era urubu, nem falcão ou águia, eram pássaros negros de olhos vermelhos, a maior ave que já vi.
Quanto mais os pássaros desciam mais outros surgiam em meio das montanhas, por fim fomos atacados pelas aves, não adiantava correr elas se multiplicavam e nos fechava o cerco por todos os lados.
O primeiro a ser atacado foi meu amigo mais velho, os pássaros pousaram nele, atacaram ele, eram tantos que mal o via, e em questão de poucos minutos o que sobrara dele era pura carcaça caída ao chão, sua barriga estava totalmente aberta, e seus órgãos internos totalmente devorados.
Meu outro amigo e eu ainda lutávamos, eu já estava bastante ferido, mas um outro ataque foi fatal, meu outro amigo teve sua garganta perfurada pelas garras dos pássaros, em tão pouco tempo aquelas aves famintas e mortais transformaram meus amigos em pura carcaça.
Por fim, elas ainda os devoravam do que sobrava de seus corpos rasgados, não fui poupado, começaram a me arranhar meus braços com suas enormes unhas, a cantaria unida do bando era irritante e macabra.
Fui perdendo a visão, aos poucos ela ficava embaçada sob aquele sol forte, num lugar desértico coberto por ossos e os pássaros ainda estavam famintos e unidos, caí ao chão desacordado.
Acordei com minha visão ainda embaçada, nela vi quatro pessoas com roupas especiais, me lembrava astronautas, seus rostos estavam cobertos com capacetes de vidro, eles estavam se aproximando de mim, e soltavam uma fumaça negra de alguns tubos que carregavam.
Minha pele já estava ardendo do sol forte, eu sentia uma forte dor na barriga, os homens se aproximaram e me pediram para me acalmar pois sabiam da existência daqueles pássaros e sempre ficavam por ali, tinham que ser rápidos pois a fumaça que afastavam os pássaros não duraria por muito tempo.
Pus a mão na minha barriga e a olhei, estava coberta de sangue, não tive nem coragem de olhar o local do ferimento, com medo de ver meus órgãos expostos, logo acordei em uma maca de hospital.
Passei por uma cirurgia de imediato, por pouco não tive meu estômago perfurado, ninguém quis me explicar o fato, nem mesmo sei quem eram aquelas pessoas que me salvaram todos sumiram ninguém quis me dizer quem ali havia me deixado , inexplicavelmente aquela espécie de pássaros que come carne humana ainda em vida existe, não há sinalização no local, senão os restos mortais de suas vítimas das quais muitos de seus familiares nem sabe o paradeiro, mas acho que se o inferno na terra existe, aquele lugar é bem parecido, algumas pessoas falam que lá é o vale dos suicidas, ou vale da morte e que a alma de muita gente vaga por lá sendo eternamente devoradas pelos pássaros, já quem me salvou pra mim ainda é um mistério.
Por: Desconhecido