Ela estava voltando do trabalho, já início da noite e, ao passar por um mendigo, ouviu dele:
“– Dá-me uma moeda!”
A mulher parou, vasculhou na sua bolsa e deu uma moeda de um real ao mendigo. Depois ela vai embora, não sem ouvir dele um “Muito obrigado”.
Depois, ela dobra uma rua escura e sem movimento. Inesperadamente, sente uma faca nas costas e uma voz ameaçadora que fala:
“– Quieta!!! Ou te cravo esta faca nas costas! Agora vem comigo, hoje seu corpo é meu!”
Desesperada, ela diz:
“– Não faça isso, estou grávida de dois meses! Por favor, deixe-me ir.”
Ele a agarra furiosamente pelo cabelo e bate-lhe com a cara contra a parede fria. A testa começa a sangrar e ela chora.
O bandido abaixa as calças dele, e é nesse momento que os seus genitais são cortados. Sente uma dor terrível e diz:
“– Que diabos está acontecendo aqui?”
Quando olha para trás, vê uma enorme sombra negra, com dentes afiados e uma mão com unhas enormes, que lembravam longos punhais afiados. A sombra corta-lhe a garganta, fazendo seu sangue jorrar na parede. E o seu corpo sem vida, tomba no chão.
A mulher assustada fala para a sombra:
“– Quem é você e por que me ajudou?”
A sombra “torna-se” o mendigo, o mesmo à quem ela tinha dado uma moeda… que responde:
“– Foi pela sua “boa vontade” e também por não me virar a cara, quando lhe pedi uma moeda!”
“– Está com fome? Sim? Então venha comigo!” – disse ela firmemente.
Ela retornou para próximo de onde trabalhava e, com o mendigo ao seu lado, entrou e sentou num restaurante. O garçom se apresentou, dizendo que ele não poderia ficar no recinto. Com autoridade ela respondeu:
“– Você quer que eu chame a polícia e a imprensa para registrar o seu atendimento discriminatório? Meu marido, que é Juiz de Direito, vai adorar! Principalmente quando souber que este homem acaba de salvar a minha vida e a honra dele!”
“– O que vai querer, senhora?” – perguntou o garçom, recuando na posição anterior.
“– Muito bem! Quero que sirva à este senhor, uma À La Minuta de Filé Mignon completa (arroz, feijão, batata frita, ovos e salada mista), uma cerveja e sobremesa. Para mim, uma água mineral com gás!”
Pacientemente ela aguardou o mendigo jantar e beber sua cerveja, que logo após degustou a sobremesa. Pagou a conta com seu cartão de crédito e, vasculhando a bolsa novamente, pegou três notas de cinqüenta reais e deu ao mendigo, dizendo:
“– Era pra pagar uma conta, mas acho que pode esperar! Tome, é seu! Por sua “boa vontade” comigo hoje…, não tem preço! Como te chamas?”
“– Meu nome é Antônio e muito obrigado por tudo!
Ela não quis saber da “criatura” e, logo em seguida, cada um tomou o seu rumo. Nunca mais ela viu o mendigo e ao relatar o episódio para o seu marido, decidiram batizar o menino que veio sete meses depois, de “Antônio”.
Tentaram procurar o mendigo por várias vezes e por muito tempo na cidade, mas jamais foi encontrado.
Esta história tem tudo para ser uma ficção com sobrenatural.
Mas… e se não for???
Por Sergio Gitel