Quando eu tinha 8 anos, meus pais me mandaram ficar com minha avó por algumas semanas. Ela morava em uma pequena cabana nos arredores de uma pequena aldeia. Era uma pequena aldeia chata e não havia outras crianças da minha idade lá. Não havia muito que eu pudesse fazer para me divertir.
Certo dia, eu estava vagando pelos campos atrás da cabana da vovó, quando me deparei com um velho poço abandonado. Ele estava em uma colina, todo coberto de cardos e urtigas. Alguém havia colocado tábuas de madeira por cima do poço e elas foram parafusadas nele.
Uma das pranchas estava solta, então eu a tirei e olhei para baixo na escuridão. Eu me perguntava o quão profundo era, então eu peguei uma pedra e a joguei no poço. Depois de uma longa pausa, ouvi um distante… Plop!
Parecia divertido, então eu peguei um monte de pedras e comecei a jogá-las na escuridão do poço. Era legal. Uma das vizinhas viu o que eu estava fazendo e saiu correndo de sua casa em minha direção. Ela me agarrou pelo braço e me puxou para longe do poço. Então, ela começou a gritar comigo e me disse para ficar longe daquele poço. Ela não disse o por quê, mas me assustou tanto que eu fugi dali.
Naquela noite, contei a minha avó o que havia acontecido. Ela ficou com raiva e me deu um puxão de orelha e me disse para ficar longe do poço, mas também não explicou o por quê. Entretanto, tudo o que ela me disse foi que era bem ruim.
Alguns dias depois, comecei a ter sonhos estranhos. Sonhei que estava andando por um campo, mas estava coberto por uma névoa espessa. Eu estava descalça e, quando olhei para o chão, não havia grama, apenas cinzas. Não havia ninguém por perto e eu estava sozinha. Continuei andando e saindo da névoa, então vi o velho poço abandonado emergir do nada.
Parei no poço e espiei pela borda. Não consegui ver nada, mas pude ouvir a água borbulhante. De repente, um par de mãos retorcidas apareceu do poço. Eu recuei horrorizada e me virei para fugir, mas as mãos se estenderam do poço e me seguraram.
Horrorizada, tentei escapar daquelas mãos que me agarraram com seus dedos longos e horríveis, mas como sempre acontece nos pesadelos, parecia que eu estava correndo no mesmo lugar. As mãos continuaram se alongando mais e mais e eu ainda sentia o toque repugnante daqueles longos dedos me agarrando pelos meus tornozelos.
Por conseguinte, acordei suando frio. Mesmo depois de acordada, eu ainda podia sentir a sensação daquelas mãos miseráveis me segurando pelos tornozelos. Aterrorizada e sem palavras, fiquei ali sentada por alguns instantes, tentando recuperar o fôlego. Lá fora, estava chovendo e eu podia ouvir as gotas de chuva batendo contra a minha janela.
Assim que olhei para ela, fiquei chocada com o que vi. No vidro molhado havia duas estampas longas, como se fossem feitas por uma mão enorme com dedos enormes.
Eu estava com medo de sair de casa nos dias que se seguiram, mas depois de uma semana sem mais sonhos ruins, eu finalmente relaxei. Assim, um tempo depois, criei coragem suficiente para voltar ao velho poço abandonado. Eu tirei a madeira e olhei para baixo. Lá embaixo, na escuridão quase completa, eu podia distinguir a água negra no fundo.
De repente, eu vi algo se movendo na água escura. Era uma espécie de forma negra. Aterrorizada, eu pulei para trás da borda e corri todo o caminho de volta para a cabana. Quando cheguei lá, contei a minha avó o que tinha visto. Ela entrou em pânico e correu de casa em casa, contando a todos os vizinhos.
Ao anoitecer, toda a aldeia estava em pânico. Todos me culpavam por brincar no poço, mas ninguém me disse o por quê. Cada casa tinha um crucifixo pendurado acima da porta da frente. Os vizinhos se fecharam em suas casas. Eles trancaram as portas, fecharam as janelas e mantiveram as luzes acesas durante toda a noite.
Minha avó também colocou um crucifixo acima de sua porta e passamos a noite dormindo no chão da cozinha, com a porta da frente trancada, as janelas fechadas e todas as luzes acesas.
Na manhã seguinte, meus pais chegaram para me buscar. Minha avó levou-os para a cozinha para conversar com eles e me disseram para esperar no carro. Eles estavam lá há muito tempo e, quando saíram, seus rostos estavam sombrios. Sem uma palavra, entraram no carro e voltamos para a cidade.
Apenas anos mais tarde, foi que eu consegui saber o que minha avó havia dito a eles. Ela disse que, há muitos anos atrás, uma mulher morava num chalé do outro lado da colina. Ela era extremamente ciumenta e estava convencida de que o marido a estava traindo. Então um dia, enquanto ele estava no trabalho, ela decidiu se vingar dele.
A mulher pegou os filhos e, um por um, levou-os até o poço, cortou a cabeça deles com um machado e então, jogou seus restos no poço. Ela esperou até que o marido chegasse em casa do trabalho e, quando ele estava de costas, ela o atacou com o mesmo machado. Depois de tê-lo cortado em pequenos pedaços, ela incendiou a casa. Então, ela voltou para o poço e pulou, se afogando no mesmo.
Durante anos, as pessoas desapareceram da vila e ninguém sabia o que havia acontecido com elas. Meu avô foi uma dessas pessoas. Desapareceu uma noite quando saiu para passear e nunca mais foi visto por ninguém. Os aldeões acreditavam que tudo aquilo tinha algo a ver com o poço, então eles resolveram ficar longe dele.
Às vezes, eu ainda sonho com aquelas mãos horríveis. À noite, ainda tenho medo de deixar meus pés fora do cobertor, para evitar sentir os dedos frios em volta dos meus tornozelos e, sempre que chove, eu ainda olho para a janela e espero ver, delineada pelas gotas de água na janela, as impressões daquelas enormes mãos aterrorizantes…
História de Terror traduzida e adaptada por Mundo Sombrio de ScaryForKids