Os Olhos de Luiza

por Mundo Sombrio
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Ao entardecer, no ponto de ônibus Luiza esperava o ônibus para a faculdade que cursava no período noturno. Foi quando um desconhecido sentou-se no banco ao seu lado. O estranho olhou admirado para os olhos de Luiza e disse:

— Que olhos lindos você tem. Os mais bonitos que eu já vi.

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Luiza, sem graça, agradeceu, e por educação retribuiu o elogio dizendo que ele também tinha olhos bonitos.

O homem sorriu e respondeu:

— Que nada. Eu queria ter os seus olhos.

Passaram-se cinco minutos e os dois não falaram nada. Até que o ônibus chegou e Luiza se despediu e entrou apressada. No caminho para a faculdade, Luiza percebeu que havia esquecido seu caderno no banco do ponto de ônibus. Agora era tarde demais, não tinha como voltar para procurar o caderno, então ela deixou isso de lado; depois pediria emprestado o caderno de alguma colega da faculdade. Tirou da bolsa um espelhinho e olhou-se nele, lembrando do que aquele homem havia dito sobre seus olhos. Realmente, eram lindos os seus olhos verdes e amendoados, com cílios longos e escuros.

No dia seguinte, à mesma hora, no mesmo ponto de ônibus, chegou aquele mesmo homem que elogiara os olhos de Luiza no dia anterior e entregou-lhe o caderno que ela havia esquecido. Luiza ficou surpresa e muito agradecida, se distraiu e perdeu o ônibus. Luiza se despediu do desconhecido e levantou-se apressada para pegar um táxi, pois teria uma prova na faculdade e justamente no primeiro horário. O homem muito gentilmente, ofereceu-lhe uma carona até a faculdade. Luiza agradeceu, mas disse que preferia ir de táxi mesmo porque não queria incomodá-lo.

— Não é incômodo de maneira alguma. Meu carro está estacionado logo ali adiante. É difícil de encontrar um táxi por aqui e o próximo ônibus só passa daqui a meia hora. Você vai acabar perdendo sua prova.

Luiza relutou em entrar no carro de um estranho, mas estava atrasada e sabia que não havia outra opção. Tinha estudado muito para essa prova porque sua nota na prova anterior dessa disciplina ficara abaixo da média. A matéria era difícil e o professor era terrivelmente rígido. Se perdesse esta prova, teria que fazer a prova de segunda chamada, que certamente seria bem mais difícil e ela precisava muito dessa nota. Não podia perder essa prova. Então, sem outra opção, Luiza acabou aceitando a carona daquele estranho. Entrou no carro dele e saíram.

O homem tomou um caminho diferente do trajeto que o ônibus sempre fazia e disse que conhecia um caminho mais rápido até a faculdade, para que ela não chegasse atrasada. Quando Luiza se deu conta de que aquele não era o caminho até a faculdade e que o homem há muito já passara do destino dela, a moça começou a ficar assustada. Já muito distante do centro da cidade, agora passavam por lugares quase ermos. Ele entrou em uma estradinha de terra. Luiza pediu para ele parar o carro, mas o homem sorriu e continuou dirigindo. Ela tentou abrir a porta, mas estava travada. Apavorada, começou a gritar por socorro, tentou abrir o vidro para pedir ajuda, sem sucesso, pois a essa altura já se encontravam no meio do nada, sem nenhum movimento de veículos nem casas ou pessoas por perto. Luiza, desesperada, gritava e batia no vidro. Ele encostou o carro e a conteve, segurando seus braços com força. Enquanto ela se debatia e gritava, ele tirou do bolso um lenço, embebeu-o num líquido de um pequeno frasco sem rótulo e o apertou contra o rosto de Luiza, o que a fez desmaiar.

Quando Luiza acordou, estava deitada em uma maca numa sala de cirurgia improvisada, mas não conseguia enxergar nada. Seus olhos estavam cobertos com curativos. Não ouvia nenhuma voz, nenhum ruído por perto; tudo estava no mais completo silêncio. Luiza arrancou os curativos dos seus olhos e então percebeu que não os tinha mais. Ao sentir e tocar as órbitas vazias de onde foram removidos os seus olhos, sua primeira reação foi gritar de desespero. A segunda reação de Luiza foi tentar fugir. Mesmo cega, ela se levantou da maca e tentou se guiar pelo tato, mas logo tropeçou e caiu, derrubando também uma bandeja metálica cheia de instrumentos cirúrgicos. O barulho fez com que chegasse alguém. Era ele, aquele homem que a havia sequestrado e removido seus olhos. Ele levantou Luiza e a arrastou de volta para a maca, enquanto ela se debatia e gritava. O homem a amarrou na maca e em seguida aplicou-lhe uma injeção que a deixou inconsciente. Ele então pegou os olhos removidos de Luiza e cuidadosamente os colocou em uma solução de formol dentro de um frasco, junto a vários outros olhos arrancados de outras vítimas. Mais um par de lindos olhos para sua coleção.

Os demais órgãos – o coração, os pulmões, o fígado, os rins e o pâncreas seriam também removidos e vendidos no mercado negro, o que lhe rendia muito dinheiro. Mas os olhos não, os olhos não tinham preço.

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Ele possuía também uma coleção de fetos abortados que guardava de tempos atrás, quando tinha uma clínica clandestina de abortos, mas acabara sendo denunciado e tivera a clínica fechada depois que uma mulher teve complicações e morreu depois de um aborto. Por causa disso ele acabou preso e processado pelo Conselho Regional de Medicina e teve cassado o seu registro profissional de médico. Desde então, não fazia mais abortos, agora em vez de fetos ele assassinava pessoas adultas para vender seus órgãos no mercado negro. Tráfico de órgãos era um negócio muito mais lucrativo do que clínica de aborto. Só os olhos das suas vítimas ele não vendia; os olhos ele sempre guardava na sua coleção.

No dia seguinte ao desaparecimento de Luiza, em outro ponto de ônibus aquele homem sentou-se ao lado de uma jovem que folheava distraída uma revista enquanto esperava pelo ônibus. Depois de um breve silêncio, observando-a, ele disse à moça:

— Que olhos lindos você tem. Os mais bonitos que eu já vi…

História de Terror por autor Desconhecido

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