São aproximadamente quatro horas da manhã, quando você vai ao quarto. Fica por alguns segundos na porta antes de chegar até a cama, mas algo faz com que você saia do lugar.
Você precisa, antes de voltar para o quarto, passar em todos os outros. Vai ao aposento da pessoa mais velha da casa para se certificar que aquele corpo cheio de rugas ainda está deitado. Vai ao quarto da criança e observa da mesma forma, fica mais seguro na porta olhando aquilo no berço. Você gosta de observar, sempre faz isso antes de ir ao local de descanso.
A ansiedade, antes de ir para o seu quarto, faz com que dê vontade de fazer os mesmos passos. Até pensa em ir ao local onde dorme o cachorro, mas sabe que não tem mais cachorro na casa e aquele sentimento de apreensão te deixa nervoso. Então você, sem incomodar ninguém, volta aos quartos até que finalmente chegue ao local onde deveria estar.
Após o primeiro quarto, fica com aquela sensação de que está sendo observado, contudo tem que ir para o local de descanso. Sabe que todos os membros da família estão deitados. Mesmo assim, continua na porta do aposento, olhando para o resto da casa, com os cômodos escuros. Você fica ansioso novamente, tenta ignorar a sensação estranha de que algum deles não está dormindo e aquele aperto no peito misturado com as suas mãos tremendo. Te dá, pela quarta vez, vontade de checar todos os aposentos.
Você fica com uma sensação como se alguém estivesse falando coisas na sua cabeça que te deixam ansioso. Faz muito tempo que não consegue dormir e até se acostumou a ficar à noite toda observando os membros da família deitados. Quanto menos espera, tem quase certeza que viu um vulto pela sua visão periférica, no escuro da casa, naquele canto, movendo-se. Isso te deixa nervoso novamente.
Enquanto escuta apenas o barulho do relógio fazendo tique-taque e o som da sua respiração ofegante, pensa nos filmes de terror e nas coisas terríveis que já viu. Pensa que aquilo pode estar em outro lugar da casa e repete os mesmos passos para finalmente voltar ao local de descanso onde deveria estar.
Finalmente a loucura da noite faz com que você entre no seu quarto. Você está diante da cama com aquele travesseiro confortável, o cobertor cheio de bolinhas pretas e brancas, o abajur com a lâmpada queimada e aquele celular carregando. Os mesmos segundos que você usa para puxar o cobertor, parece que aquela coisa que acha que estaria observando-o aparece no quarto. Os olhos arregalaram-se, a boca fica trêmula. Tenta ser rápido o suficiente para molhar o pano com clorofórmio e colocar na boca daquele homem. Espera que tenha utilizado a quantidade suficiente para todos os membros da família.
Você fica ansioso novamente, porém, finalmente, está observando o último membro da família deitado e acha melhor, pela oitava vez, olhar os outros quartos. Fica observando-os dormindo, desmaiados com o efeito do clorofórmio. Pois você sabe que assim é a melhor forma de fazer isso…
História de Terror escrita por Sombrio e adaptada para Mundo Sombrio