“1, 2, Não olhe pra trás.
3, 4, Correr não adianta mais.
5, 6, Chegou a sua vez.
7, 8, 9, 10, Ele vai puxar seus pés!”
Lucas terminou de ouvir a nova música de Kamaitachi e jogou seu celular pra cima da cama, para que pudesse se levantar sem tropeçar no fio do carregador ou no fone de ouvido que estavam conectados a ele. Era sua vez de preparar a janta em casa e logo sua mãe estaria em casa e reclamaria em sua cabeça como ele era irresponsável por não ter feito o que ela tinha pedido e outras coisas a mais. Então, pra evitar essa situação seria melhor deixar tudo pronto.
O rapaz esguio, colocou seus óculos que estavam sobre a escrivaninha e saiu de seu quarto em direção a cozinha, passando por toda a extensão do corredor e da biblioteca central. Sim eles tinham uma biblioteca em casa para que Lucas pudesse ter todos os seus livros organizados do jeito que ele gostava, já que ele era perfeccionista desde criança. O fato de sua mãe e seu pai serem donos de uma frota de automóveis e, por isso, possuírem muito dinheiro, aumentou as possibilidades de Lucas ter sua biblioteca, é claro.
Chegando na cozinha, ele fez uma receita básica de macarrão ao forno e, enquanto o macarrão assava, ele aproveitou para ir tomar um banho para jantar antes que sua mãe chegasse e, com ela, os problemas e falatórios sobre seu pai e sua nova mulher.
Não era nem de perto o assunto preferido de Lucas, na verdade ele odiava esse assunto com todas as suas forças, porque depois que seu pai casou novamente, ele praticamente ficou órfão de pai e de mãe, já que nenhum dos dois ligavam pro que ele fazia ou falava. S
eu pai não ligava em seu aniversário mais e sua mãe sempre bebia até pegar no sono. O último aniversário bom, foi quando ele acidentalmente quebrou o braço de um garoto na rua e, ao levar ele ao hospital, os dois viraram melhores amigos e ainda eram melhores amigos até o momento.
Após o banho Lucas deitou em sua cama e, por algum motivo, a música do homem torto não saía de sua cabeça. Horas a letra em si e horas o toque das cordas de Kamaitachi.
“Ao menos estou lembrando da música de Kamaitachi e não daquela música besta de criança”, pensou Lucas de uma forma debochada.
– Eu vi um homem torto – Uma voz sombria ecoou em seu quarto fazendo seu corpo estremecer dos pés a cabeça. Estaria ele ficando louco?
Ele fechou os olhos e adormeceu para não ficar pensando em coisas bobas, pois só crianças tinham medo de coisas que não existiam e ele não era uma criança mais, afinal, já tinha seus 16 anos.
Perto das 3h da manhã, Lucas acordou em meio à um devaneio tonto de sono e podia jurar ter visto um ser com uma cartola, um sorriso torto e sádico sentado aos pés de sua cama, mas quando acendeu o abajur a figura não estava lá. Então ele adormeceu novamente, mesmo com o coração acelerado, afinal o sono falou mais forte.
No dia seguinte ele não teria aula, pois era sábado. Então, passou o dia pesquisando coisas sobre o homem torto e, quando ele viu uma foto da criatura, ele reconheceu o monstro que estava na beira de sua cama na noite passada. Ele tinha certeza disso, pois aquele sorriso torto era inconfundível.
Quando a noite caiu, a música tradicional do homem torto tocava a todo momento em seu quarto e, quando ele acendia as luzes, a música desaparecia do nada. Ele estava mais paranoico que nunca e passou a noite em claro.
Por dias foi assim: ele dormia de dia e virava a noite jogando vídeo games. Nem na escola o rapaz ia mais e só se afastava de todos ao seu redor. Em uma tarde ele estava dormindo em sua cama tranquilamente, quando o Homem Torto estirou uma de suas garras e cortou bem devagarinho o pescoço macio do rapaz, satisfazendo sua sede por sangue juvenil.
A entidade, após sugar a alma do pobre rapaz para dentro dos buracos que possui no lugar dos olhos, desapareceu sondando qual seria a outra vítima perfeita para sua diversão.
Lucas fora encontrado morto após suicidar-se com uma faca de cozinha. Seus pais culpam o divórcio conturbado e até mesmo os vídeo games que o rapaz jogava.
Em seu enterro, somente compareceu o amigo que ele havia quebrado o braço por acaso, sua mãe estava bêbada dormindo em casa e seu pai em uma viagem com sua nova esposa.
História de Terror escrita por Contos de Ula
2 comentários
Muito bom
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