Justina era uma jovem de vinte anos quando começou a trabalhar na secretaria da paróquia de uma cidadezinha de menos de cinco mil habitantes em Santa Catarina. Era uma mulher muito atraente, alta, cabelos castanhos avermelhados, de personalidade doce e angelical.
O início de suas atividades laborais, foi marcado por um período de transição. O padre, que havia passado os últimos dez anos no município, estava indo embora, cedendo lugar a um jovem que assumiria sua segunda paróquia. Justina ainda não havia o conhecido, levando alguns dias para ter seu primeiro contato com o novo sacerdote.
Em uma manhã fresca de sol, o pároco chegou na cidadezinha. Ele se chamava Eduardo e aparentava possuir uns 35 anos. Aos que testemunharam o momento em que Justina e ele se conheceram, dizem que foi um acena inesquecível. Ela estava abaixada, organizando alguns arquivos, enquanto ele chegou a porta e foi anunciado pelo ministro. Ela levantou, virou-se e instantaneamente os olhares brilharam.
O novo padre era de uma beleza exuberante. Logo a fama se espalhou e as missas de domingo ficaram repletas de mulheres de vários municípios. Mal sabiam que o sacerdote não se esquecia por um instante de sua secretária. Ela, por sua vez, lutava entre o romantismo e o conservadorismo em seu coração. Imaginava as faíscas do amor de ambos e o pecado de desejar um homem de Deus.
Não demorou muito tempo para que o desejo falasse mais alto e os dois dessem o primeiro beijo durante um cair da tarde na sacristia da igreja. Então este beijo tornou-se outros beijos, que foram tornando-se carícias e culminou em diversos encontros românticos e repletos de sexo após o trabalho.
Existiam sentimentos sinceros entre os dois.Não era somente uma aventura. Eles se amavam e, embora houvesse culpa e medo,não conseguiam parar de pensar um no outro e desejar estarem juntos. Mas algo ocorreu após três meses para agitar a vida do casal: Justina engravidou.
O casal entrou em desespero. Já existiam alguns boatos sobre os dois, devido a intensidade com que se olhavam, os sorrisos ao conversar, a admiração e insistência em falar um sobre o outro. Justina mostrar-se grávida, apenas confirmaria o que todos suspeitavam. Assim Eduardo ficou em desespero. Sua atitude foi de falar com a família de Justina alegando que ela tinha vontade de estudar e que ele havia conseguido uma oportunidade em Minas Gerais, onde ela faria um curso e cresceria muito na vida. A família confiou cegamente no padre e Justina só soube daquilo depois de fecharem o acordo.
Ela foi para Minas Gerais com Eduardo e ele a deixou em um convento em Belo Horizonte. Disse que em breve voltaria e que ali estaria protegida. Porém, ele sumiu. Ela passou meses e meses esperando uma carta ou uma ligação, mas ele nunca dava notícias. Em uma das tentativas de falar com ele, soube que ele havia pedido transferência para São Paulo.
Ela estava sozinha com esta gravidez e o bebê quis nascer antecipadamente. Justina sentiu em seu trabalho de parto uma energia muito estranha entre as freiras que a auxiliavam. Ela começou a imaginar que iriam tomar o filho dela, o que ocasionou maiores complicações no parto, devido o nervosismo que estava sentindo.
A criança nasceu após 14h de trabalho de parto.Houve muita agitação durante nascimento da criança. A parteira demonstrou-se espantada com o que viu e as demais freiras igualmente assustadas. Enquanto Justina descansava, esperando para ver seu filho, uma irmã chegou e disse que acriança havia falecido. Ela enlouqueceu. Tinha certeza que as freiras haviam roubado seu bebê. Tentavam lhe acalmar, mas nada tirava aquele furor de Justina. Então foi necessário que a sedassem.
Por conseguinte, quando Justina acordou, pensou que estava sonhando. Eduardo estava sentado à beira da cama, embargado de emoções. Justina disparou a acusar o convento de roubar seu filho, quando ele a pediu para escutá-lo com muita paciência.
Eduardo relatou que, em sua primeira paróquia, havia um seguidor possuído pelo demônio e ele foi chamado para fazer o exorcismo do rapaz. Após horas de tentativas para libertar aquele homem, ele conseguiu, mas o demônio ao ir se desprendendo do corpo, o ameaçou. Disse que o padre teria um filho nascido do pecado e, que ao nascer, o próprio o Diabo viria buscar a criança e ela deveria ser entregue sem resistências.
Como Eduardo era sacerdote, jamais imaginou que a promessa do demônio iria se cumprir, o que o fez até mesmo esquecer do acontecido. Lembrou-se somente com a gravidez de Justina. Por isso, ele a levou para aquele convento. Contou aos bispos e a madre superiora o que havia acontecido que, para tentar salvar a alma da criança, aceitaram acolher Justina.
Desde o momento em que ela chegou naquele lugar,inúmeras rezas foram feitas para espantar o Satanás do ventre de Justina. Todos os dias da gestação foram minuciosamente seguidos de rituais de exorcismo e proteção. Mas nada adiantou. A criança nasceu com pelos enormes, dentes afiados e uma cauda pontuda. Era visível que se tratava de uma criança para o Diabo.
A madre superiora não queria entregar o bebê como uma oferta ao seu inimigo. Ela imaginou que seria melhor sacrificá-lo,dando-lhe uma dose de injeção letal. O que ela não esperava era o quão grande seria a fúria do diabo. A madre apareceu morta naquele mesmo dia, com os olhos queimados e todo seu sangue utilizado para escrever uma mensagem na parede do convento:
“Não duvidem do meu ódio”. E o cadáver da criança desapareceu.
Ao ouvir tudo aquilo, Justina duvidou, pois era fácil inventar uma história para justificar o sumiço do filho do padre. Então,ela foi levada para ver o corpo da madre e a mensagem deixada. Assim não havia outra explicação se não a dada por seu amado.
Após uma depressão pós-parto muito forte, Justina retornou para sua cidade e recomeçou sua vida. Nunca mais namorou e não constituiu família. Mesmo após trinta anos, ela ainda imagina o que seria de sua vida sendo esposa de um padre, ou melhor, como seria sua vida sendo mãe de um demônio.
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