A Fantasia de Halloween

por Mundo Sombrio
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Era uma noite sombria de Halloween, e uma jovem garota de dez anos encontrava-se doente e acamada. A febre consumia seu corpo frágil, enquanto ela se sentia cada vez mais excluída da animada festa que ocorria lá embaixo.

A festa, cheia de risos sinistros e diversão, acontecia na casa em que ela morava. Seus primos e seu tio eram os anfitriões, e todos estavam imersos na celebração macabra. A menina, deitada em sua cama, podia apenas imaginar seu tio contando histórias assustadoras e organizando jogos diabólicos. Como ela desejava poder participar daquela festa tenebrosa!

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Havia sido muito tempo desde a última vez que alguém a visitara. Mais cedo naquele dia, seus primos tinham aparecido brevemente na porta de seu quarto, expressando pena por ela estar doente e perdendo toda a diversão. A solidão a corroía ainda mais.

Uma sensação de abandono dominava seu coração. Ela estava cansada de ler, não havia mais distrações. A escuridão da noite envolvia sua morada, e a fraca luz da lâmpada já não era suficiente para dissipar as sombras que se reuniam nos cantos do quarto. Ela nunca fora uma pessoa supersticiosa, mas, naquele momento, implorava para nunca testemunhar algo sobrenatural.

Então, ela ouviu. Passos arrastados ecoavam pelas escadas, aproximando-se lentamente. Eles atravessaram o corredor e pararam do lado de fora de sua porta. Um arrepio percorreu sua espinha enquanto alguém batia.

“Entre”, sua voz sussurrou, trêmula.

A porta se abriu devagar, e seu tio adentrou o quarto. Um sorriso estranho e inquietante se formou em seu rosto, enquanto ele indagava sobre seu estado de saúde.

“Apenas entediada”, ela suspirou. “O que está acontecendo lá embaixo?”

“Estou me preparando para vestir minha fantasia e espalhar o terror em cada alma presente”, disse seu tio com um tom enigmático.

Seus olhos se iluminaram de curiosidade. “É uma fantasia assustadora?” ela perguntou, mal contendo a expectativa.

“Extremamente”, respondeu seu tio, um sorriso diabólico nos lábios.

“P-posso ver?”, ela pediu ansiosamente.

Seu tio hesitou por um momento, avaliando o risco de assustá-la excessivamente. No entanto, seduzido pela empolgação da garota, consentiu.

“Está bem”, respondeu, com uma voz cheia de mistério. “Após vesti-la, retornarei para mostrá-la a você antes de prosseguir com os horrores lá embaixo. Você tem certeza de que não ficará aterrorizada demais?”

“Claro que não!”, ela riu, embora um arrepio percorresse sua espinha.

Seu tio deixou o quarto, fechando a porta atrás de si. A jovem recostou-se ansiosamente, tremendo de antecipação. Ela ouviu os passos do tio se afastando pelo corredor, enquanto sua mente divagava, imaginando que tipo de figura sinistra estaria prestes a presenciar. Seria algo além de sua imaginação? Ela se questionou se seria capaz de conter o medo caso seu tio decidisse pular sobre ela ou surgir subitamente no quarto.

Silêncio envolveu o ambiente, um silêncio que parecia conter um suspense terrível. Ela não conseguia mais ouvir qualquer som lá embaixo. O quarto mergulhou em uma escuridão cada vez mais densa, enquanto a fraca luz da lâmpada começava a vacilar. As sombras nos cantos se estendiam, alongando-se como garras de uma besta ameaçadora.

A garota fechou os olhos, esperando pacientemente pelo retorno de seu tio. O tempo parecia ter se estendido infinitamente. Onde ele estava? O que poderia estar atrasando-o tanto?

Então, um som cortou o silêncio. Seus olhos se abriram de imediato. Era como o ranger de uma porta se abrindo e se fechando. Seu coração começou a palpitar aceleradamente. Seu tio havia entrado? Ele já estava no quarto?

Ela direcionou seu olhar para a porta. Gradualmente, seus olhos se ajustaram à fraca luminosidade, e ela notou uma figura emergindo das sombras. Estava imóvel, parada entre a porta e o guarda-roupa. A figura era diminuta, não mais alta do que uma mesa, envolta por um manto negro que quase se confundia com a escuridão. Era esse o motivo de ela não tê-la notado antes.

Uma sensação de arrepios percorreu seu corpo, misturando-se a uma estranha excitação. Ela agarrou os lençóis da cama com as mãos trêmulas e deixou escapar um pequeno suspiro. Como ele teria conseguido entrar despercebido?

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A figura virou-se lentamente, encarando-a. A garota lutava para disfarçar o medo que a dominava. Seu rosto era horrendo, pálido e morto, com um nariz comprido e pontudo. Não havia olhos, apenas pequenos orifícios negros na máscara. Era tão realista que chegava a ser perturbador.

Ela forçou outro riso nervoso ao ver a figura emergir das sombras e se aproximar dela. Preparou-se para o susto iminente. Não queria gritar, não desejava que ele pudesse compartilhar com todos lá embaixo o quão aterrorizada havia ficado.

Observou o rosto horripilante se aproximando cada vez mais. Era uma imagem assustadora demais para suportar. Ela jogou os lençóis sobre a cabeça, lutando para conter seus gritos. Estava prestes a ordenar que seu tio parasse, quando ouviu algo.

Batidas ecoaram na porta.

Uma voz familiar soou do outro lado.

“Estou pronto”, disse seu tio. “Posso entrar agora?”

Autor: Luca Esteves

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