O Espírito da Capa Preta

por Mundo Sombrio
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Na pequena e antiga cidade de Santa Augusta, havia uma rua que ninguém ousava atravessar após o anoitecer. Chamava-se Rua do Cipreste, e seu nome vinha das árvores retorcidas que cercavam a via, cujas folhas pareciam sussurrar segredos sombrios quando o vento soprava. As poucas lâmpadas ao longo da rua tremeluziam, incapazes de dissipar a escuridão pesada que cobria o lugar. Era ali, dizem os moradores, que se escondia o espírito de Capa Preta.

A lenda dizia que, há muitos anos, um homem conhecido apenas como Jeremias morava naquela rua. Ele era um forasteiro que ninguém conhecia direito, mas que se tornara famoso na cidade por sua capa longa e preta, que usava em todas as ocasiões. As pessoas o viam vagar pelas ruas tarde da noite, sempre murmurando para si mesmo, com o rosto encoberto pelo capuz. Muitos o temiam, mas evitavam falar sobre ele.

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Certo dia, Jeremias simplesmente desapareceu. Os boatos diziam que ele havia sido encontrado sem vida em sua casa, em condições misteriosas. Alguns falavam de um pacto sombrio, outros de vingança por antigos crimes. Mas a verdade é que ninguém sabia ao certo. O que se sabia é que, após sua morte, as noites na Rua do Cipreste nunca mais foram as mesmas.

Nas semanas seguintes, começaram a surgir relatos de uma figura encapuzada, de capa preta, caminhando pela rua tarde da noite. Aqueles que por acaso cruzavam seu caminho diziam que ele não falava, apenas parava e olhava fixamente para eles. Seu rosto era pálido, quase translúcido, e seus olhos, diziam, não tinham vida. A figura desaparecia quando alguém tentava se aproximar, mas o eco dos passos continuava a ser ouvido, mesmo após a figura sumir na escuridão.

Um dia, Antônio, um jovem entregador, precisou atravessar a Rua do Cipreste depois de uma longa jornada. Ele sabia da lenda, mas não acreditava em histórias de fantasmas. Com a mochila cheia de encomendas, seguiu pela rua, rindo das superstições dos moradores. A noite estava silenciosa demais, e as árvores pareciam se inclinar, observando-o em cada passo.

De repente, a luz de uma das lâmpadas piscou e se apagou. Antônio parou, tentando ajustar seus olhos à escuridão. Foi quando ouviu um farfalhar leve, como o de uma capa se arrastando pelo chão. Ele sentiu um arrepio subir pela espinha e, ao virar-se, viu uma figura envolta em uma longa capa preta, parada ao final da rua.

“Quem é você?” perguntou Antônio, tentando parecer corajoso. A figura não respondeu. Em vez disso, deu um passo à frente. A cada passo, a luz da rua parecia diminuir, e o ar ficou mais pesado. Antônio começou a caminhar de volta, apressado, mas os passos da figura ecoavam atrás dele, sempre a mesma distância.

De repente, o silêncio foi quebrado por uma voz baixa e rouca. “Você não deveria estar aqui…” sussurrou a figura. Antônio, em pânico, correu, mas tropeçou e caiu. Quando se levantou, a figura estava a poucos metros de distância. Ele conseguiu ver o rosto pálido e inexpressivo sob o capuz, e os olhos vazios que pareciam olhar através dele.

Sem pensar, Antônio pegou uma pedra do chão e a arremessou. A pedra atravessou a figura como se fosse feita de névoa, e o espírito avançou em sua direção. Antônio levantou-se com todas as forças e correu, enquanto um vento gélido passava por ele, levando consigo o som de risos distorcidos.

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Quando ele finalmente alcançou o final da rua, as luzes voltaram a acender e o silêncio retornou. Ele olhou para trás, mas a Rua do Cipreste estava vazia, exceto pelas árvores imóveis. Antônio nunca mais se atreveu a voltar ali à noite, e contou a todos sobre o que havia visto. Desde então, os relatos sobre o espírito de Capa Preta aumentaram, mas ninguém sabe exatamente o que ele quer ou por que continua preso àquela rua.

Dizem que ele busca algo — ou alguém — e que, se você passar por ali à noite, pode ser o próximo a encontrar o espírito sombrio. E se você ouvir o farfalhar de uma capa, é melhor correr, porque quem o vê de perto nunca volta o mesmo.

Créditos autorais: Anselmo Oliveira.

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