Certo dia, um menino muito pobre brincava de cavar em seu jardim, quando viu um dedão do pé saindo do chão. Ele tentou pegar, mas parece que algo o prendia, pois ele não se mexia. Então, o menino puxou com toda a força que pode até que o dedo saiu em sua mão. Então ele ouviu algo gemer e saiu correndo rapidamente.
O garoto levou o dedão do pé para a cozinha e mostrou para a mãe.
— Parece um bom pedaço de carne – disse ela – Vou colocá-lo na sopa e vamos jantar.
Naquela noite, à mesa do jantar, o pai do menino pegou o dedão da sopa e cortou-o em três pedaços. O pai, a mãe e o menino comeram um pedaço. Depois lavaram a louça e, quando escureceu, foram dormir.
O garoto adormeceu quase que imediatamente. Mas, no meio da noite, ele foi acordado por um som muito estranho. Ele parou para prestar mais atenção. Parecia uma voz vinda do lado de fora de sua janela e chamando por ele.
“Onde está o meu dedão do pé?”
Quando o menino ouviu isso, ficou aterrorizado. Mas ele pensou: “Essa coisa nunca vai me encontrar.
Então ele ouviu o gemido mais uma vez. Só que agora estava mais perto:
“Onde está o meu dedão do pé?”
O garoto puxou os cobertores sobre a cabeça e fechou os olhos. “Eu vou dormir”, ele pensou. “Quando eu acordar, isso terá acabado.”
Mas logo ele ouviu a porta dos fundos se abrir e novamente ouviu a voz:
“Onde está o meu dedão do pé?”
O garoto ouviu passos da cozinha para a sala de jantar, para a sala de estar e para o corredor da frente. Alguém subiu as escadas lentamente. Mais e mais perto aquilo estava. Logo estava no corredor do andar de cima. Agora, estava do lado de fora da porta dele.
“Onde está meu dedão do pé?”, a voz gemeu.
O garoto ficou horrorizado quando a porta do quarto se abriu. Tremendo de medo, ele jogou as roupas de cama por cima da cabeça e ouviu os passos se movendo lentamente através da escuridão em direção à sua cama.
Então eles pararam.
“Onde está meu dedo do pé?”, A voz gemeu. “Você sabe onde está?”
Ainda com o cobertor sobre a cabeça, o menino respondeu gaguejando:
— D… de… desculpe! Nós n.. não tínhamos nada para c.. co… comer, então…
Enquanto falava isso, o menino ia descobrindo seu rosto aos poucos, até que viu a criatura horrenda diante dele.
Era como se fosse uma pessoa, mas não uma pessoa normal. Estava caindo aos pedaços, deformada e toda enlameada.
De repente, aquela coisa abriu uma grande boca, saltou sobre o menino e mastigou-o até os ossos.
Antes que voltasse para o seu local de descanso, tomou do menino o que lhe era seu por direito: o dedão do pé.