No noticiário:
“Essa semana tivemos outro problema envolvendo roubos de corpos no cemitério. Mais uma vez, a vítima foi uma criança recém enterrada. Este é o quinto roubo em dois anos”.
O policial Antônio estava encostado na parede de trás de sua mesa boquiaberto com a notícia. O ladrão escolhia suas vítimas de forma sem que houvesse uma única informação que as unisse, exceto que todas eram crianças. Seu estômago embrulhou de tal maneira, que quase não conseguia segurar seu vômito. Ele precisava mostrar serviço e encontrar quem havia roubado o corpo de sua filha há dois anos atrás.
No caminho ao banheiro, recebeu uma ligação de sua esposa que estava aflita sobre ele ainda não ter pego o ladrão. Ele ouviu tudo em silêncio e, depois de desligar o telefone, colocou pra fora tudo que havia almoçado. A situação que estava vivendo era enlouquecedora até mesmo para um policial treinado como ele.
Saindo do serviço, ele decidiu passar no cemitério para investigar o local do crime. Ao chegar em frente ao túmulo, ele pode admirar a foto do pequeno Nicholas. O menino era filho do médico da cidade e havia morrido porque há pouco tempo atrás, fora vítima de um acidente de carro enquanto passeava com sua mãe, que também não sobreviveu. Ele devia ter seus cinco anos e era uma criança linda, digna de ter suas fotos em comerciais, pensou Antônio.
O túmulo estava perfeito, exceto pelo mármore rachado e a terra fofa ao redor que mostrava que aquele terreno havia sido escavado há pouco tempo atrás. Então uma coisa veio a cabeça de Antônio: “Como alguém quebraria uma pedra mármore?”.
O Policial foi ao encontro do coveiro e fez uma dúzia de perguntas. Segundo ele, o ladrão escolheu a hora em que ele estava jantando em casa para fazer o roubo. Antônio, incrédulo com o relato, retrucou que aquela pedra era pesada e grossa demais para ser quebrada sem alardes e com tanta rapidez. Mas o coveiro disse que a pedra estava quebrada há alguns dias e que foi fruto de uma velha senhora que, ao passar por entre os túmulos, derrubou uma lápide sobre a pedra e que, apesar da pedra parecer com mármore, era de um material mais barato e menos sólido que uma lápide de concreto puro.
Antônio não engoliu muito a história, mas como era sua única testemunha, foi obrigado a acreditar na palavra do coveiro. Ele pediu o endereço da velha senhora, mas o coveiro desconversou e disse que não sabia de quem se tratava. A história estava cada vez mais enrolada, mas agora Antônio iria descobrir o que estava acontecendo haja o que houvesse.
O próximo enterro foi de uma criança chamada Luna, uma garotinha de 6 anos que morreu devido à uma cirurgia mal feita em seu coração e, como sua família não tinha muito dinheiro como a de Nicolas, sua cova era bem mais simples.
Antônio avisou à esposa que ia viajar a serviço e, no trabalho, disse que viajaria com a esposa. Ele foi para a parte de trás do cemitério que era um bosque sombrio e aterrador, mas nada disso o intimidou, pois ele precisava descobrir o que estava acontecendo com os corpos e quem era o ladrão.
O coveiro saiu para jantar e Antônio ficou observando cada milímetro do cemitério. Foi quando sentiu uma picada em seu pescoço e, quando foi ver o que era, se deparou com um dardo tranquilizante. Ele apagou.
Assim que acordou, estava acorrentado à uma pilastra em uma casinha simples. Havia uma lareira e um cadeirão com cera quente sendo derretida por igual. O corpo de Luna estava na mesa completamente aberto. Na parede em prateleiras, estavam todos os corpos das crianças sumidas, incluindo o de Antonieta, sua filhinha. As lágrimas começaram a percorrer sua face quando viu seu doce anjinho como se ainda estivesse viva.
– Nossa filha ficou linda assim não é? Eu sempre a chamei de bonequinha e agora, é isso que ela é. – A voz de sua esposa ecoou atras dele e como sua boca estava amordaçada ele não conseguiu falar nada.
– Eu nunca tive uma boneca adulta antes, mas seria um prazer começar com o homem que mais amei.
Então Angela, a esposa de Antônio, matou o policial, tirou todos os seus órgãos, limpou-o de dentro pra fora, banhou seu corpo em cera quente colocou olhos de vidro. Agora a mulher poderia brincar com seu marido também.
Angela havia encontrado aquela casa abandonada há muito tempo atrás e nela, havia uma coleção de bonecas especiais e uma receita de como faze-las. Quando Antonieta morreu a pequena levou junto a sanidade de sua mãe.