A vida de Laura mudou completamente depois que começou a trabalhar numa escola de educação infantil. Apesar da alegria de trabalhar com as crianças, o estresse e o cansaço no final do dia eram gritantes.
Laura se desdobrava, era uma funcionária multitarefas e gostava muito de trabalhar. Era amada por todas as crianças, que retribuíam o amor recebido com beijos e abraços.
Certa vez, Laura ficou responsável por organizar os brinquedos na brinquedoteca da escola. O responsável pela brinquedoteca era um estagiário, que não aparecia no serviço há dias. Talvez não gostasse tanto de crianças.
Laura, não somente organizava, mas também brincava com as crianças naquela sala. E como as crianças se divertiam!
No decorrer do ano letivo, as crianças começaram a fazer brincadeiras que Laura não gostava, como mentir, por exemplo. Um dia, uma das crianças disse que o colega havia pego seus materiais escolares. Ao averiguar a situação, Laura descobriu que era mentira, assim como outra que ouvira antes.
Mas uma vez, as crianças passaram dos limites; inventaram que um dos armários da brinquedoteca estava roubando os brinquedos. Todas as crianças estavam envolvidas na mentira, o que deixou Laura muito chateada e, por isso, comunicou à coordenação da escola.
Semanas se passaram. Os brinquedos continuavam sumindo e as crianças seguiam culpando o armário.
Numa sexta-feira, no final do expediente, Laura estava procurando os brinquedos que, segundo as crianças, foram roubados pelo armário. Sozinha na sala, se distraiu e não viu o tempo passar. Revirou todos os armários, mas não achou nada. Quando finalmente desistiu da empreitada, ouviu passos no corredor; era a diretora da escola, que estava indo embora. Espantada com a presença da funcionária na sala, a diretora questionou sua atividade no local e tudo foi explicado.
Laura foi embora e a diretora permaneceu no local para trancar a porta. Antes de virar a chave, ouviu um sussurro, uma voz de criança. A diretora seguiu a voz que vinha de um dos armários. Ao abrir o móvel, uma porção de brinquedos despencou. Ao abaixar para recolher os objetos, sentiu várias mãos tocando seu corpo. Tentou se soltar, mas em vão. Em segundos, foi puxada para dentro do armário, junto com ela, os brinquedos.
Na segunda-feira, os profissionais da escola sentiram a falta da diretora, que estava desaparecida desde o fim de semana. Quanto às crianças, nada de novo. Exceto pela nova mentira: o armário engoliu a diretora.
Irritada, a funcionária abriu o armário e provou que não tinha nada lá. Surpresas, as crianças pediram para que Laura abrisse os outros armários, e assim foi feito. Para o espanto e decepção dos alunos, nenhum objeto foi encontrado. Assim que Laura iniciou uma bronca coletiva, ouviu algo se mexendo dentro do armário que acabara de fechar. As crianças ficaram agitadas. Ao se aproximar do móvel, várias bonecas foram arremessadas. Os alunos gritaram, pois sabiam que estavam certos desde o início. Quando trancou as portas do armário, todos os outros se abriram e mais brinquedos foram arremessados, alguns deles manchados de sangue.
Antes de sair da sala com as crianças, Laura viu o corpo da diretora junto ao armário, como se realmente sua colega de trabalho tivesse sido engolida por ele. Ainda assustada e preocupada com os alunos, viu a cabeça do estagiário ser cuspida para fora do móvel. Todos os armários estavam com as portas abertas. Longos braços saiam delas, buscando as próximas vítimas.
Nesse dia, Laura descobriu algo muito importante sobre as crianças; Às vezes elas mentem, mas quando algo sobrenatural acontece, elas sempre falam a verdade!
ESCRITA POR: Régis Di Soller
