A Mulher que tinha Cascos [História de Terror]

por Mundo Sombrio
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Eu particularmente acho que o sobrenatural permeia o mundo material desde o início dos tempos, mas como minha avó já dizia, só tem força para nos atingir se acreditarmos e se dermos forças pra ele.

Bem, ela contava muitas histórias da época dela, pois pessoas antigas tem muitas histórias não é mesmo? Mas vamos à história.

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Minha avó contava que, quando jovem, morava em um lugar com aspectos rurais, onde as pessoas eram bem simples e tinham hábitos mais simples ainda, tanto é, que não ficavam até muito tarde nas ruas por conta da iluminação bem precária da região. Todos recolhiam-se mais cedo, porém as mercearias e bares ficavam sempre abertos até um pouco mais tarde, para o caso de alguém precisar de algo, ou até mesmo para os cachaceiros de plantão.

Neste dia específico, o querosene – que era usado no lampião – acabou, e a mãe dela mandou que ela fosse à mercearia – que não era lá muito perto da casa-.

Já estava no fim da tarde, o sol “arriando”, os grilos  cantando e lá se foi ela andando apressadamente pela estradinha de chão batido. Mato de um lado, mato do outro,  só ouvia os próprios passos e o sopro do vento no mato.

Até que em dada parte do caminho, começou a ouvir o som de batidas de cascos, como as de um cavalo. Deduziu então que se tratava de alguém vindo com uma carroça – muito usada na época-. Reduziu o ritmo das passadas, na esperança de conseguir uma carona, mas notou que, enquanto ela caminhava mais lentamente, o som dos cascos parou. Ela ficou receosa, apertou novamente o passo e estranhamente, voltou a ouvir o som de antes.

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Estava escurecendo!

Ela, já assustada, andou o mais rápido que pode, rezando pra espantar o medo que sentia naquele momento. Quando finalmente chegou à venda, ofegante e com os olhos esbugalhados, estavam lá o atendente e mais três clientes bebendo e jogando um carteado.

O atendente ofereceu logo um copo d’água, perguntando se tinha acontecido algo, pois todos se conheciam por ali. Mas antes que ela pudesse contar qualquer coisa, todas as atenções foram tomadas por uma mulher que surgiu na porta do estabelecimento.

Os homens ficaram mudos, atônitos, pois a mulher era muito bonita, alta, com um vestido longo e negro que se arrastava ao chão. Tinha a pele muito clara e cabelos negros como a noite que batiam na cintura. Usava luvas pretas de renda e um batom vermelho bem forte. O rosto? Pouco se via, pois o cabelo longo e muito cheio o cobria.

A vovó disse que nunca tinha visto ninguém igual nem na cidade. O atendente esqueceu que minha avó estava ali e perguntou à bela mulher se ela precisava de algo, chegou até a brincar dizendo que nem tinha banco pra moça da cidade sentar, pois tudo ali era muito empoeirado. A moça apenas sorriu, virando-se para os cachaceiros que olhavam pra ela de boca aberta e perguntou se poderia juntar-se a eles no carteado, pois estava esperando um primo que viria buscá-la. Eles sorriram de orelha à orelha. Um deles, de pronto, levantou-se oferecendo o lugar pra madame e pediu mais uma rodada, todo animado.

Minha avó contou que também ficou embasbacada, pois como já havia dito, nunca tinha visto ninguém parecido.

Passado o transe inicial daquela situação estranha, ela, com muito custo, conseguiu chamar a atenção do atendente para pegar o que a mãe dela havia pedido. Enquanto o dono da venda foi buscar o querosene, ela aproveitou para perguntar à moça se ela tinha vindo de carroça até ali, mas a mesma olhou na direção dela e sorriu, mas não respondeu. Como ela queria ir logo embora dali, resolveu deixar de assunto.

O moço da venda trouxe o querosene e minha avó logo se dirigiu à saída, mas por conta do pouco espaço no local, acabou esbarrando no braço da moça e derrubando todas as cartas que estavam em sua mão. Rapidamente se abaixou e catou as cartas. Foi nesse momento que ela olhou na direção dos pés da moça e ficou aterrorizada com o que viu…

Ela não tinha pés, ela tinha cascos!

Minha avó levantou-se rapidamente, entregou as cartas sem nem mesmo olhar para a cara da moça, e foi embora, praticamente correndo por todo o trajeto.

Quando já entrava pelo portão de casa, ouviu novamente batidas de cascos, mas nem cogitou olhar pra trás. Correu até para dentro, trancou tudo, se encolheu num canto da casa e começou a rezar.

De lá de dentro chegou a ouvir relinchos, misturados a gritos que faziam gelar a alma. A mãe perguntava o que tinha acontecido mas ela não conseguia falar, só rezar e tremer.

No dia seguinte, contou à sua mãe todo o ocorrido do dia anterior, que não acreditou muito, mas como todos por ali se conheciam, não tardou muito a chegar notícias de que o dono da venda e mais três homens haviam sido encontrados mortos sem as suas cabeças, e o boato que se espalhava era de que teria sido a mula sem cabeça.

Meses depois, ao chegar em casa depois de uma ida à cidade, veio correndo a vizinha dizer que esteve ali uma moça muito chique procurando pela Idalina – que era o nome de minha avó-, e a vizinha, ao descrever a tal moça, deu todas as características da mesma mulher que a aterrorizara aquele dia na venda. Era a mulher que tinha Cascos!

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Pouco tempo depois, toda a família se mudou, por vários motivos, mas de certo, esse deve ter sido um deles.

Ela chegou a me contar que, muitos anos depois, já morando em outra cidade, às vezes ouvia o barulho de cascos atrás dela, mas que quando isso acontecia, nunca olhava para trás.

Até que um dia, retornando de uma festa com o seu marido, distraidamente, de braços dados e conversando, quando do nada ele a repreendeu dizendo:

– A moça lhe cumprimentou sorrindo e você não respondeu Idalina?!

Ela, assustada, perguntou quem teria sido e olhou de imediato para trás.

Quando viu aquele mesmo sorriso de batom vermelho, toda vestida de preto, como da primeira vez, preferiu não falar e tentou se convencer de que não era nada além da sua própria imaginação…

A História de Terror “A Mulher que tinha Cascos” foi escrita por https://www.wattpad.com/user/PedroMonteiro121 e Revisado por Mundo Sombrio

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