Na floresta, parte oriental do Equador vive uma tribo de aborígenes chamada JIVAROS, ferozes guerreiros que ficaram famosos no mundo inteiro por seu estranho hábito de decapitar seus inimigos e de usar estas cabeças como amuletos mágicos. Ainda hoje, este povo é completamente selvagem e não mantém contato com o homem branco. O próprio governo do Equador os ignora, afinal, eles vivem completamente isolados no meio da floresta.
Os Jivaros possuem uma estatura média, corpo robusto, rosto redondo e olhos negros. Os homens usam cabelos longos, vestem uma tanga e usam um estilete de bambu atravessado nos lóbulos das orelhas. As mulheres tem cabelos longos e usam um adorno no lábio inferior confeccionado de bronze. Ambos possuem lábios muito negros, em virtude de mascarem uma erva chamada Yanamuco. Os homens são bígamos; além de sua mulher ficam com mulheres capturadas nas guerras.
Costumes Violentos
Se uma mulher é pega em adultério, todo o seu cabelo é raspado. Havendo reincidência, a mulher é presa ao chão por uma lança que lhe atravessa a carne e ali permanece por vários dias, sendo alimentada e vigiada. Apesar do sofrimento, ela não chega a morrer. Se a infeliz cometer adultério pela terceira vez, ela será executada.
Os Jivaros, usam em suas flechas o veneno Curare, com o qual caçam e matam. Na caça, após o animal envenenado cair ao chão, o Jivaro coloca na boca do animal uma mistura de ervas com sal que impede que seja envenenado quando consumir aquela carne.
Na pesca, os Jivaros usam a droga denominada Barbasco, que é lançada no rio e, logo a seguir, faz com que os peixes comecem a boiar para serem apanhados manualmente.
Religião e Culto ao Demônio
Os Jivaros adoram o demônio chamado “Iuasnchi“, conhecido pelos pelos espanhóis por “El Diablo Iaunch“.
Estes índios tem um deus do Bem chamado “Yusa“, mas seu temor por “Iuasnchi“ os obriga a fazer sacrifícios e rituais sangrentos.
Quando um Jivaro quer resolver algum problema íntimo ou obter alguma resposta, ele consulta o “Iuasnchi“.
A princípio, ele entra no meio da floresta, fica o mais isolado possível e se prepara para invocar o espírito ingerindo um suco de ervas que, em poucos minutos, faz com que tenha terríveis alucinações.
Deste estado alterado de consciência, surge um diálogo com “Iuasnchi“ e outros demônios. Dos pensamentos e idéias atormentados pela droga, surge a convicção da solução do problema que será seguida até a morte.
Os feiticeiros que servem a “Iuasnchi” são chamados de “Bishinios“. Estes, exercem forte influência em todos os membros da comunidade. Os Bishinios, cortam as cabeças dos sacerdotes de outras tribos e as usam como amuletos para aumentarem seus poderes.
Troféus
Durante as guerras, eles matam os homens e capturam as mulheres e crianças. Como troféus de guerra, eles colecionam a cabeça do guerreiro derrotado. A cabeça do inimigo vencido é reduzida e transformada em troféu, onde a alma do inimigo fica supostamente aprisionada.
Como os Jivaros encolhem as cabeças humanas
As cabeças mumificadas (Chancha ou Tsantasn), eram colocadas do lado de fora de suas casas. Funcionavam também como neutralizadores de males, energias negativas, doenças e etc.
Os sacerdotes Bishinios, como citado antes, usavam estas cabeças para “aumentar seus poderes mágicos”.
Outras culturas conhecidas como os Nazca ou Mochica do Peru, os Diaguita da Argentina, também algumas tribos da América do Norte e os Mundurucus da Amazônia (Brasil), praticavam também o rito de mumificar e reduzir cabeças humanas.
Detalhes do Processo
Logo que o inimigo é posto no chão, ele é morto com uma flecha que não está envenenada. Em seguida o Jivaro o segura pelos cabelos e, com uma faca curta feita de bambu, corta-lhe os músculos do pescoço e as vértebras com uma habilidade cirúrgica e, num instante, a cabeça é separada do corpo.
Depois ela é levada e guardada cuidadosamente até que todos se reúnam em torno de uma fogueira. O ritual inicia-se com participação apenas dos homens da tribo. As mulheres apenas servem bebidas a eles. No processo, são retirados da cabeça os ossos do crânio, os os miolos, músculos, olhos, língua, em seguida ele é colocado em uma estaca. O crânio é lavado em água e depois molhado em azeite de urucu. Em seguida é colocado ao sol para secar.
Durante vários dias se repetem os processos de lavar a cabeça e colocá-la para secar.
Depois de um total endurecimento da pele, eles a enchem com algodão, colocam-lhe olhos feitos de resina, põem-lhe dentes e cabelos fixados também com resina. Os ornamentos são feitos com penas.
Existe também um outro jeito
O índio mata seu inimigo, corta sua cabeça, coloca-a num extrato vegetal de Yanamuco, o que lhe dá uma coloração negra e a conserva da ação do tempo.
Reunido com os homens da tribo; ele retira do crânio os miolos, músculos, olhos, língua. Depois a cabeça é enchida com areia e seixos quentes, que são substituídos diariamente em um processo que dura dias.
Comércio de cabeças encolhidas
Muitos colecionadores exóticos gastam uma fortuna para conseguir uma destas cabeças. Isto incentivou alguns aventureiros brancos a conquistarem a confiança dos Jivaros para poderem aprender este processo de mumificação de cabeças. Estes gananciosos chegavam a atacar viajantes, matavam, encolhiam suas cabeças e as vendiam no mercado negro para colecionadores enquanto que os índios levavam a culpa destas mortes.
Foi por este motivo que os Jivaros ficaram sendo conhecidos internacionalmente. Houve uma época que, no interior do Equador e Peru, as pessoas tinham medo de andar nas ruas mais desertas. Este pavor foi contornado quando autoridades eclesiásticas católicas ameaçaram exc omungar os comerciantes, caçadores ou quem quer que seja que possuíssem um destes tenebrosos amuletos. Esta medida, de certo modo, diminuiu o tráfico e as cabeças sumiram do mercado. Mesmo assim, existem fanáticos colecionadores que pagariam muito por uma cabeça encolhida original.
As cabeças encolhidas podem ser vistas em alguns museus
Museus de várias partes do mundo como o Museu Britânico, Museu de Paris, inclusive museus do Brasil, já apresentaram cabeças encolhidas feitas do povo Jivaro.