Nas altas horas, vejo, revejo
Esses contos de terror e arrepio
A leitura que também desejo
Da página o MUNDO SOMBRIO
No leito repousado em conforto
Tempo vazio, madrugada no lar
Um conto do redivivo morto
Aparece na tela do celular.
Nos comentários se discute
Se é possível reviver a caveira
E em um post do facebook
Diz que tudo Isso é besteira
Mas agora no quarto uma vela
Dançam sombras nos umbrais
Estouram três batidas na janela
Penso ser o vento e nada mais.
Mas na cama mexo e remexo
E o medo aumenta cada vez mais
Estava lendo o mesmo trecho
Da parte em que o morto se refaz.
Novamente para meu pranto
Ouço mais ruídos infernais
Me convenço por enquanto
É só o vento e nada mais.
Torno à leitura no grupo virtual
Sem dar conta do medo que me faz
mas volta o barulho, sobrenatural
Seria mesmo o vento e nada mais?
O som terrível vem da porta
Grito: quem bate em meus portais?
Não ouço nada, de que importa
Um vento forte e nada mais?
Mas num estouro se rebenta
A frágil porta que me protegia
Uma visão horrível me atormenta
Um corpo tomado de hemorragia.
Aos prantos berro em desespero:
_Vá embora, volte aos abismos infernais.
O espectro reagiu ao meu exagero
E respondeu num sussurro: JAMAIS!
Que faria aquele ser em meu recanto?
Porque saíste dos refúgios sepulcrais?
E por que diz como em um canto
Com voz sofrida esse gemido: _JAMAIS!
Peço, ajoelho e imploro ao morto-vivo
Sou apenas um poeta e nada mais
A criatura sem nenhum motivo
Andou para o meu lado dizendo:_ JAMAIS!
Tentei fugir desse terrível fim
Do monstro atroz e suas garras letais
Mas aquela sombra projetou-se em mim
E me leva ao inferno repetindo:
_JAMAIS, JAMAIS!
Escrito por Aldo Almeida