Alice e Sarah, duas meninas de 15 anos, eram inseparáveis. Desde a infância, elas compartilhavam uma conexão única, mas o que começou como uma amizade inocente tomou um rumo sombrio. Alice era uma jovem cheia de vida, enquanto Sarah vivia à sombra do medo, sempre quieta e tímida.
Certo dia, elas debatiam sobre o destino de sua amizade.
“Seremos melhores amigas para sempre?” indagou Alice, buscando a aprovação de Sarah.
Sarah respondeu em tom enigmático: “Por que não seríamos?”
Então, em um instante, a atmosfera mudou. Uma sugestão inquietante pairou entre as duas jovens.
“Vamos fazer um juramento de sangue”, propôs Sarah com um brilho de obsessão em seus olhos.
Alice, aturdida, questionou: “O quê?! Juramento de sangue?!”
“Sim”, sussurrou Sarah com uma determinação que enviou arrepios pela espinha de Alice. “Vamos jurar que seremos BFFs, Melhores Amigas para Sempre. Se por acaso nos perdermos, prometemos fazer o impossível para ficarmos juntas eternamente.”
Embora Alice hesitasse, envolta por uma mistura de surpresa e diversão, acabou cedendo à proposta da amiga.
Sarah encontrou duas agulhas afiadas, entregando uma a Alice. Em um pedaço de papel, elas escreveram “Melhores Amigas para Sempre” no topo, assinando seus nomes na parte inferior. Acenderam uma vela, aqueceram as pontas das agulhas na chama dançante e, então, furaram seus dedos indicadores. Uma gota de sangue manchou o papel ao lado de suas assinaturas, selando seu juramento de sangue.
À medida que os anos passaram, as duas meninas cresceram e tomaram caminhos diferentes. Alice partiu para a faculdade em uma cidade distante, enquanto Sarah permaneceu em sua cidade natal, encontrando emprego em uma humilde loja local. Ambas apaixonaram-se, formaram famílias e seguiram suas jornadas individuais. Apesar disso, tentaram manter contato através de telefonemas, ainda que rarefeitos.
No entanto, com as obrigações e responsabilidades da vida adulta, as chamadas foram ficando mais raras. Logo, as vozes silenciaram e o contato entre as amigas foi perdido. Alice, consumida por sua nova vida, raramente pensava na sua amiga de infância, esquecendo-se de cumprir a promessa de estar sempre presente.
Então, em uma noite sinistra, Alice foi atormentada por um pesadelo assombroso. Ela se via dirigindo em uma estrada interminável, quando, de repente, um caminhão emergiu das sombras e invadiu sua pista. O veículo deslizou, colidindo violentamente com o carro de Alice.
Ela despertou abruptamente, o suor cobrindo seu corpo. Contudo, antes que pudesse recuperar o fôlego, a campainha da porta da frente soou com um tom agudo e insistente. Alice, curiosa e apreensiva, levantou-se, vestiu seu robe de dormir e desceu as escadas em busca de respostas.
Ao abrir a porta da frente, seus olhos se depararam com uma visão de terror. Uma mulher pálida e combalida permanecia no alpendre, uma ferida profunda e sangrenta marcava sua testa. Alice reconheceu aquela figura sombria instantaneamente: era Sarah, sua antiga amiga.
“Oh, meu Deus, Sarah! O que aconteceu?” Alice exclamou, perplexa.
Sarah permaneceu imóvel, seu olhar fixo e penetrante.
“Entre, saia da chuva”, disse Alice com compaixão. “Você está ferida?”
No entanto, Sarah não se moveu.
“O que há de errado, Sarah?” implorou Alice, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.
Houve um momento de silêncio, até que Sarah sibilou com uma voz sinistra: “Quanto tempo se passou desde que nos vimos, Alice! Vim cumprir minha promessa. Vim te dizer que morri.”
Alice ficou sem palavras. Sarah levantou a mão e apontou o dedo indicador sangrando em direção a Alice, uma gota escarlate pingou.
“A vida nos separou”, continuou Sarah com um ar sombrio, “mas estaremos juntas na morte. Eu estarei esperando…”
A mente de Alice se rendeu ao horror, e ela desmaiou, desabando no chão.
Quando Alice recobrou a consciência na manhã seguinte, encontrou-se deitada na cama ao lado de seu marido. Ela esfregou os olhos, tentando discernir se os eventos da noite anterior não passaram apenas de um pesadelo. Contudo, ao ligar a televisão, suas suspeitas foram confirmadas. O apresentador de notícias relatava, com uma voz grave, sobre um acidente fatal ocorrido na noite anterior às 3 da manhã. Um caminhão colidiu com um carro em uma estrada, resultando na morte instantânea da motorista.
A motorista era uma mulher chamada Sarah.
A partir desse momento, a vida de Alice transformou-se em um pesadelo sombrio. Seu apetite desapareceu, suas obrigações como mãe foram esquecidas, e ela perdeu toda a concentração em seu trabalho. Todas as noites, ela era assombrada pelo mesmo terrível sonho. Acordava com o som da campainha tocando desesperadamente. Ao abrir a porta, lá estava Sarah, em pé, apontando com o dedo sangrando para Alice. E repetia sempre as mesmas palavras: “Eu estarei esperando…”
A cada manhã, Alice acordava com o corpo coberto de suor frio. Seus lençóis estavam manchados de sangue, e uma dor lancinante ecoava em seu dedo. Quando olhava, seu dedo estava encharcado em sangue.
Seu marido, confuso e impotente, tentou buscar ajuda médica e psiquiátrica para Alice, mas nenhum especialista encontrou uma explicação para sua condição. O estado de Alice apenas piorava. Nos pesadelos, Sarah começou a aparecer ao lado de sua cama, apontando para ela com o dedo ensanguentado.
Em uma noite, o marido foi despertado por um som terrível de vidro quebrando. Correu para o banheiro e descobriu que a janela estava estilhaçada. Olhando para fora, deparou-se com Alice deitada na calçada, com os membros deslocados em posições inimagináveis. Horrorizado, ele correu apressadamente para fora, pela porta da frente. Uma poça de sangue circundava a cabeça de sua esposa.
Ao lado dela, no pavimento, alguém havia escrito com seu próprio sangue: “MELHORES AMIGAS PARA SEMPRE”.
Autor: Luca Esteves
