Canção Para um Amor Perdido

por Mundo Sombrio
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Em uma noite de domingo, 25 de maio de 1975, Frank Launder, de 32 anos, sentou-se na cama com Thelma, sua esposa há seis meses, assistindo Kojak na televisão portátil em preto e branco em sua casa em Sherwood Drive, Bebington. O filme policial americano estava se aproximando do fim e o horário estava próximo às 23h.

Frank, que tinha acabado de começar a trabalhar, começou a cochilar, quando sua esposa agarrou seu braço e disse: “Frank! Quem é essa?”

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“Quem é quem?”, perguntou Frank assustado. Thelma disse: “Uma mulher gritou seu nome do lado de fora da janela.”

“Frank”, ouviu-se uma voz fraca de algum lugar do lado de fora da janela, seguida de palavras que o casal não conseguia distinguir.

Frank saiu da cama e disse: “Parece a Sra. Geach…” e puxou para trás a cortina alguns centímetros, mas não viu nada na rua Sherwood Drive iluminada pela lua.

“Não se parece nada com a Sra. Geach”, Thelma falou “e por que ela estaria chamando por você?”

Geach era uma vizinha que morava a algumas portas de distância.

“Eu não tenho a menor ideia”, respondeu Frank. Ele bocejou e voltou para a cama, mas quando ele estava ajeitando seu travesseiro, Thelma disse: “Desligue essa tv, está me dando dor de cabeça.”

Frank respirou fundo, arrastou-se para fora da cama e desligou o aparelho.

Thelma desligou a lâmpada ao lado da cama e nem sequer disse boa noite.

Ela se afastou de Frank e ficou na escuridão enquanto a luminância prateada da lua cheia vazava para dentro o quarto penumbral.

Antes de começar a dormir, Frank foi tomado por pensamentos habituais que inundavam sua mente todas as noites. O principal deles, era a preocupação do por que Thelma era tão fria com ele. Eles só estavam casados há seis meses e já pareciam seis longos anos. E então ele dormiu.

Do nada, ele acordou com o barulho de sua mulher gritando com ele – e ele estava na porta da frente, de pé, com seus pés descalços e de pijama – segurando o seu violão.

Ainda estava escuro.

“O que aconteceu?”, Frank perguntou, entrando na casa.

“Você é sonâmbulo, foi isso que aconteceu!”, disparou Thelma, pisando forte nas escadas com os pés descalços.

“Você devia urgentemente ver um médico para resolver isso!”, acrescentou ela ao chegar ao andar superior.

“Sonâmbulo!? Com um violão!?”, perguntou Frank com uma voz trêmula, naturalmente cheia de preocupação – mas Thelma não parecia dar a mínima para onde ele estava; ela só estava chateada por ter tido seu sono precioso perturbado.

Frank ligou a luz do corredor e olhou para as solas de seus pés. Havia lama neles. Onde diabos ele esteve?!

Ele olhou para o salão e viu o relógio, eram 1:40 da madrugada. Frank tomou banho tentando se lembrar do que tinha acontecido. Ele só se lembrava de pensar em como sua esposa era fria e despreocupada antes de ter cochilado. Depois disso, mais nada.

Ele foi para a cama e falou com a parte de trás da cabeça de Thelma.

“Eu nunca andei dormindo antes, Eu nunca andei dormindo antes, Eu nunca andei dormindo antes, Eu nunca andei dormindo antes. O que será que causou isso?”

“Você trancou a porta da frente?”, Thelma perguntou sem se virar para ele.

Frank disse que não tinha.

“Tranque de agora em diante e deixe a chave comigo para que você não possa sair de casa”, disse Thelma “e tente dormir um pouco. Eu tenho que ir para o trabalho às oito.”

Já no outro dia, Frank não precisou ficar no seu emprego até as 16:00, então foi à biblioteca e leu sobre sonambulismo.

Um outro homem, um mendigo, sentado em uma mesa à frente lendo um jornal lhe disse: “Ah, o carinha cochilando.”

“Desculpe?!”

Frank olhou por cima da enciclopédia médica e o mendigo disse: “Você estava sonâmbulo ontem à noite – eu vi você.”

“Você viu!?”, Frank colocou o livro para baixo e perguntou: “Onde eu estava?”

O mendigo tossiu, então respondeu: “Eu te segui, companheiro – você entrou no cemitério, se sentou em uma lápide e começou a tocar seu violão, cantando e tal. Você tem uma boa voz. Então você saiu do Cemitério Bebington e sentou-se em um jardim na Sherwood Drive.”

Frank ficou tão surpreso com a informação dada que ficou preso nas palavras por um momento.

“O cemitério?!”

“Eu não te acordei, tipo”, disse o mendigo, ” é altamente perigoso se você fizer isso com um sonâmbulo; o choque pode matá-los.”

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Frank tentou sorrir, mas parecia doloroso. Ele olhou para ver se alguém estava ouvindo, mas a Biblioteca estava quase vazia. “Eu estava cantando, foi isso que você disse?”

“Sim, era algo sobre dizer a alguém que você a ama em uma canção”, lembrou o mendigo. Em um flash, Frank lembrou de uma música que ele conhecia – que havia sido um sucesso no ano anterior pelo falecido cantor americano Jim Croce – ‘Eu gostaria de dizer eu te amo em uma canção’.

Ele tinha cantado muitas vezes essa canção para uma garota que ele conhecia desde sua infância – Laurie – uma amiga com quem ele tinha perdido contato e a garota com quem ele deveria ter se casado.

Naquela noite, Frank foi para a cama e acordou no cemitério de Bebington.

Lá estava Laurie – brilhando como um fantasma.

“Eu te amei, e vou esperar por você para sempre”, disse ela, com lágrimas nos olhos.

Então ela desapareceu.

Frank descobriu que Laurie tinha morrido há seis meses de uma doença e fora enterrada no cemitério de Bebington, tão perto de sua casa.

Seu casamento com Thelma não durou muito. O casal concordou em se divorciar em 1976 e Frank nunca mais se casou de novo.

Em algumas noites, com seu violão na mão, ele canta suavemente ‘Eu gostaria de dizer eu te amo em uma canção’ ao lado do túmulo de seu amor perdido.


ESCRITO POR: Tom Slemen, que é um escritor de Liverpool, conhecido principalmente por ser o autor da série de livros assombrados de Liverpool que documentam incidentes paranormais e crimes não resolvidos ou incomuns.

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