“Anda Carol traz logo essa mala! Amoooor … pegou o isopor com as garrafas de água e suco?”.
E aquela família ia se arrumando super feliz e animada. Organizando seus pertences e colocando-os no carro.
Iam viajar para o litoral, curtir uma praia e passar o aniversário de 8 anos da filha mais nova. Só quem não mora em cidades litorâneas, entende a felicidade e animação e a alegria deste passeio. Ver o mar, realmente é muito bom.
O pai das meninas havia conseguido uma semana de férias, que coincidiram também com as da esposa que também trabalhava fora. Enfim, tomaram seus lugares no carro.
A mulher olhou para a casa e disse:
“Fechou tudo amor? Tem certeza”?
“Sim querida !” Respondeu o marido.
E as meninas no banco de trás , ansiosas!
“Bora pai!”
Todos riram e seguiram então a viagem para o litoral.
Uma das meninas mexia no joguinho de celular e sua irmã ouvia música com seus headphones. O rádio no carro não estava com uma boa sintonia.
“Nossa amor, que demora para chegar nessa casa!”
“Calma querida ,já estamos quase chegando…”
Então, pouco tempo depois, avistaram o mar. Todos sorriram e bateram palmas por terem finalmente chegado na casa alugada. Saíram do carro, esticaram as pernas, pois foram longas 4 horas de viagem.
Pegaram as chaves com um casal sorridente que os esperava no portão. Arrumaram suas coisas e saíram para passear.
Na volta, compraram um bolinho para comemorar o aniversário da menina. Encheram as bolas e cantaram parabéns para Carol.
“Êeeee! O primeiro pedaço vai pra mamãe!”
“O CORDÃO DOS PUXA SACO CADA VEZ AUMENTA MAIS, BLIM BLOM…”
E riam e se divertiam…
Momentos depois , ouviram muitos ruídos de carros, sirenes, bombeiros, luzes piscando.
“Q movimentação é essa? Algum acidente aí fora amor? “
“Não sei. Que estranho…”
Então correram para fora para ver o que havia acontecido.
“Fiquem aqui meninas! ” – Ordenou o pai.
Muitos carros de polícia, bombeiros, ambulâncias, reportagem chegando com seus carros, fios e câmeras. Profissionais uniformizados da saúde, bombeiros e policiais. Pessoas corriam , choravam e gritavam e o pai e a mãe das meninas observando apavorados aquilo tudo sem nada entenderem. Perguntavam o que havia acontecido mas todos estavam muito apressados e não lhes davam ouvidos.
A mãe das meninas avistou então, o casal que havia lhe dado as chaves da casa.
A mulher chorava e dizia abraçada ao marido:
“Meu Deus que fatalidade!”
A mãe perguntava o que houve, mas a mulher só chorava descontroladamente.
Foi quando eles conseguiram ouvir um policial que falava no rádio.
“INCÊNDIO DEVIDO À UMA FORTE EXPLOSÃO DE GÁS NA CASA 49, NA RUA DA PRAIA. COM VÍTIMAS! UM CASAL E DUAS CRIANÇAS. O VAZAMENTO DE GÁS JÁ FOI CONTROLADO! CÂMBIO!”
O pai e a mãe nada entenderam, correram para casa e a viram com as chamas já baixas e os bombeiros terminando de apagar o fogo que restava na estrutura preta e carbonizada da casa.
Observavam estarrecidos os funcionários do IML carregando nas macas, os 4 corpos que saíam da casa alugada para o rabecão.
O pai, a mãe e duas meninas.
Os dois deram um grito horrendo quando as macas com os corpos atravessaram por dentro deles e foram depositados nas urnas do rabecão para irem para IML.
Os dois permaneceram ali, estáticos.
Passados alguns anos do ocorrido, a casa foi restaurada e novamente posta para aluguel, pois tratava-se de uma casa de veraneio.
Uma família que passava por ali observou a placa de “ALUGA-SE”. O garotinho, filho do casal , acenava para a entrada da casa 49. A mãe do menino perguntou:
” Está acenando pra quem filho? “
E o menino respondeu:
“Para as duas garotinhas que estão ali no portão mamãe!”
A mãe do garotinho disse rindo.
“Não tem ninguém ali filho…”
Por: Silvia Restani