O Anjo sem Rosto

por Mundo Sombrio
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Existe uma regra simples para os aventureiros que gostam de explorar a floresta e chegar até a montanha. Trata-se de uma coisa bem básica e que todos deveriam seguir, em outras palavras: está dizendo que, em nenhuma hipótese, não importando a experiência ou o tempo de trilha, nenhuma pessoa pode se aproximar da parte do pântano. Lá é muito perigoso por causa dos gases, os labirintos de árvores mortas, alguns animais selvagens, dentre outras coisas.

Todos ficaram surpresos quando aquele jovem apareceu com vida. Quando perguntaram como ele conseguiu sobreviver por volta de quinze dias sem água e alimento, a sua resposta deixou todos confusos… Mas isso não explicava o possível crime que aconteceu naquelas circunstâncias em que ele estava sozinho.

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Segundo as informações mais concretas: três pessoas decidiram se aventurar, no entanto, no meio da adrenalina do momento, decidiram ultrapassar os limites de segurança e entraram no pântano para ver o que ele escondia. Nesse momento, segundo o único sobrevivente, um garoto de treze, mas com altura de adulto, magro de uma certa forma, contudo bastante forte para alguém tão jovem, explicou para as autoridades policiais que os três ficaram perdidos em um labirinto infinito com árvores, animais, gases quentes saindo do chão e bastante água podre.

No entanto, de acordo com as suas palavras difíceis de compreender, viu um anjo o qual fez com que continuasse vivo, com exceção dos seus parceiros, que morreram de forma brutal. Tristes vítimas da floresta sem vida.

Não houve investigações apuradas para saber o que aconteceu com as duas pessoas que morreram, pois o que sobrou dos corpos, foram os ossos e a maior parte da carne foi consumida por animais ou destruída por conta dos gases quentes do solo com fome daquele pântano insano.

Apesar da explicação da polícia, mesmo sabendo que eles não queriam entrar naquele lugar com um fedor terrível de podridão mais uma vez, as famílias queriam explicações. Passou-se quase um mês que o garoto conseguiu sobreviver e ele não tinha nada além de um histórico terrível em sua vida. Mal conseguia comer, por alguma razão não estava se alimentando bem e a sua magreza não dava para saber se era por conta da falta de alimentação ou seu porte físico de um garoto alto e magro, típico da idade. Dois investigadores que foram pagos pelas famílias das duas vítimas para investigarem o caso, convenceram o garoto a voltar ao pântano para que mostrasse o suposto “anjo”, assim conseguiriam uma explicação razoável para o que tinha acontecido.

Os dois investigadores não demoraram muito para chegar até o local, parecia um tapete sendo dividido com um verde vivo e uma grama deteriorada por causa do pântano. A floresta era uma linha dividida e assombrosamente assustadora para ser explicada. Aquele rapaz misterioso, que não falava nada, a não ser que alguém perguntasse algo, permanência com os mesmos olhos apontados para o chão. Ele, por alguma razão, parecia ter algum problema ou era apenas tímido, a definição de pessoa estranha que você encontra em algum lugar e sente que tem algo errado, mas não sabe explicar. Começaram entrar na floresta morta, destruída e com uma fumaça, uma neblina assustadora, brincando entre suas pernas e ocultando a visão à frente. Em um olhar mais distante, poderia dizer que aquela coisa branca estava ludibriando as pessoas.

O rapaz pediu para que os dois agentes o seguissem, pois estava lembrando o caminho no qual passou com os dois homens que foram mortos e consumidos pela região desenhada pelo próprio Lúcifer. Os sujeitos estavam confiantes e queriam explicar ou encontrar uma razão para a tragédia. O desejo daqueles dois caras era acalmar o nervosismo das famílias e, assim, descansar as suas almas. Caminharam por muito tempo e a noite chegou de surpresa, como se fosse uma gripe inesperada. Mesmo escuro, os vagalumes iluminavam o local com ajuda de lanternas sendo acompanhadas pelos homens. O céu estava nublado, era noite de lua cheia, mas as nuvens estavam escondendo o brilho lunar.

Após muito caminharem, os agentes estavam sem esperança de encontrarem alguma coisa e acreditando que estavam sendo enganados pela loucura de uma pessoa que passou por um momento trágico. Não viram nada além de árvores mortas, sendo entortadas pela decomposição do lugar, como se fossem embaraços infinitos, barulhos de animais correndo entre as matas e a fumaça dançando por todas as partes. A escuridão estava por todo lugar, pois a Lua desapareceu para esse dia deixando um cenário um pouco assustador e facilmente criando uma armadilha para pessoas inexperientes serem consumidas.

Chegaram a um momento, no qual pensaram em desistirem e pediram para que o garoto voltasse com eles. No entanto, naquele exato momento, ele parou… apontou seus olhos para frente e disse que chegaram no local onde estava o anjo. Os homens não estavam vendo nada, permaneceram tentando compreender o que estava acontecendo. Depois de muito tempo jogando seus olhos em todas as direções e tentando encontrar algo além da pintura terrível da floresta morta, a lua apareceu… As nuvens foram embora e os barulhos de animais deixaram o lugar, a fumaça estava se escondendo no solo devastado e uma sombra… uma presença deslizando no chão apareceu de surpresa, representava um abraço de mãe. Parecia ser em braços esticados vindo de uma direção um pouco distante. Eles, os agentes, observaram o Anjo. O garoto parecia fascinado e começaram a caminhar, lentamente, curiosos e assustados em direção daquela coisa que estava projetando aquela imagem sendo arrastada por todo o solo do pântano em direção aos homens.

Os homens chegaram bem próximos do suposto anjo, era uma coisa realmente impressionante, pois o seu corpo era construído por uma árvore e outras partes do pântano. O lodo negro criava formas humanoides, sua parte superior era semelhante a um homem esbelto, as suas asas eram feitas de folhas mortas e o seu rosto, terrivelmente moldado, expressava uma forma facial de uma pessoa. O anjo ostentava olhos mortos, perfurados e sua boca parecia que estava sorrindo. Quanto mais a lua iluminava a sua fisionomia, os homens da lei ficavam paralisados e estupendos, observando. Aquilo era uma coisa sobrenatural e difícil de compreender.

– Esse é o anjo sem rosto – disse o rapaz nas costas dos homens. Apesar da luz sendo escondida, vindo do céu e a sua boca rasgada, fazendo algo semelhante a uma gargalhada exagerada, ele não tinha rosto, com exceção do seu corpo que parecia ser um anjo de verdade. Uma coisa assombrosa e aterrorizante. No entanto, em um olhar mais distante, era fascinante como se aquela coisa tivesse com vida.

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O homem perguntou sem tirar os olhos daquela figura misteriosa no centro do pântano. – Como esse anjo lhe salvou? – Hipnotizado e interrogando o rapaz ao mesmo tempo. Ele não percebeu a pancada e o barulho de algo caindo próximo dos seus pés até que ouviu a voz do garoto nas suas costas, mais uma vez bem devagar e com a tonalidade sendo forçada por um esforço físico no momento em que falava:

– O anjo sem rosto não me salvou, ele não fez nada além de cumprir o seu objetivo. Este era apenas uma distração… – Os braços sendo jogados na direção da cabeça do agente e uma pancada violenta na sua nuca foi necessário para que ele caísse no chão. A violência do golpe foi muito forte para trincar o seu crânio e fazer com que o homem morresse ali mesmo. O jovem permaneceu observando os corpos, não precisaria se preocupar em caçar nada para comer e nem procurar um conforto com exceção daquela figura desenhada em sua frente, pois o anjo lhe proporcionou tudo que aquela alma vazia necessitava.

No centro do pântano estava aquela figura medonha posicionada, enraizada e sendo desenhada pelos traços mórbidos da floresta sem vida. O jovem estava ali abaixando para receber o seu prêmio, e o anjo ficou com um corte estampado no seu rosto vibrante… Quanto mais a lua iluminava aquela coisa que se assemelhava com o rosto humano, deixava uma gargalhada esculpida em seu semblante e observando o cenário bárbaro do pântano e aquele rapaz alimentando-se mais uma vez.

História de Terror escrita por Sinistro

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