Maurício era extremamente dedicado ao trabalho, fazia horas extras sempre que necessário, mas ultimamente a demanda da empresa estava muito corrida e nem as horas extras estavam dando conta, o que estava deixando Mauricio ainda mais estressado e com problemas em seu casamento.
Naquele dia Mauricio resolveu ficar até mais tarde no serviço, tinha que entregar uns relatórios no dia seguinte, então ficaria lá até terminar nem que fosse o ultimo a ir embora. De certa forma até preferia ficar sozinho, assim não ia ter que lidar com alguns colegas de trabalho que detestava, tipo o Alexandre com suas brincadeiras insuportáveis ou o Gilberto sempre bisbilhotando a vida alheia, este último para a alegria de Maurício, não ia ao trabalho a uma semana.
Todos estavam indo embora, alguns colegas chegaram a questionar Maurício se ele realmente iria ficar, estava ensaiando uma chuva forte e pra quem mora em São Paulo sabe que o trânsito fica caótico quando chove, além do mais estava uma onda de assassinatos pelas redondezas que ainda não tinham sido solucionados pela polícia, inclusive a última vítima tinha sido uma garotinha, mas Maurício estava decidido e disse que ficaria até terminar os tais relatórios.
Já era por volta das 20: 30, Maurício já tinha sentido seu celular vibrar algumas vezes, com certeza era sua esposa preocupada com ele, dizendo para voltar e que não era seguro estar na cidade com aquela onde de assassinatos. Foi quando Mauricio teve a impressão de ter visto uma criança pequena passar correndo em frente a sua porta. Ele levantou de sua cadeira e foi ver se encontrava a tal criança, mas não viu ninguém, continuou caminhando e perguntando se tinha alguém ali, e a cada sala que passava entrava para ver se a criança estava lá. Na hora Maurício lembrou que alguns funcionários levavam seus filhos para o escritório – o que o irritava profundamente – e imaginou que se tratava disso. Mas nada de encontrar, ele escutava passos e algumas risadinhas mais nada. Tentou fazer a criança aparecer dizendo que já estava indo embora e que iria fechar toda a empresa, mas não teve efeito.
De repente ele escuta os mesmo passos correndo atrás dele, Maurício se vira rapidamente e vê a tal criança entrando na sala onde ele estava. Quando ele chega à porta vê a garotinha na janela prestes a pular, ele diz para a garota não fazer isso, enquanto tenta se aproximar vagarosamente, mas antes de conseguir pegar a garota, ela se joga…
Mauricio não podia acreditar no que aconteceu, ele olha para baixo esperando ver uma cena horrível, mas estranhamente não tinha nada lá embaixo. Ele desce pelo elevador e ao chegar lá não vê nenhum vestígio da garota. Maurício não entende o que estava acontecendo, será que estava ficando louco? Concluiu que estava trabalhando demais, que estava muito estressado e que essas notícias de assassinatos recentes talvez estivessem mexendo com sua cabeça. Decide então pegar suas coisas e ir embora.
Quando está andando pelo estacionamento sente a sensação de estar sendo seguido, mas ao olhar pra traz não vê nada. Rapidamente entra no carro e sai daquele lugar, porém antes de sair do estacionamento Mauricio olha pelo retrovisor e leva um baita susto ao ver um de seus colegas de trabalho o Gilberto, no banco de trás sem olhos e com a boca costurada, Maurício quase bate o carro, mas ao olhar novamente para o banco de trás não tinha ninguém. Saiu de lá o mais rápido que pode, estava convencido que precisava de férias. A essa altura a chuva já estava forte e Mauricio se esforçava ara enxergar a estrada, mas uma mulher de vestido todo ensanguentado apareceu de repente na estrada e fez Mauricio desviar com tudo, perdendo assim o controle do carro que sai da pista e bate em um poste.
A batida foi feia, Mauricio estava machucado, o carro não queria mais ligar, então ele voltou a estrada mas nem vestígio da tal moça que tinha visto. Pegou o celular e ligou para a ambulância, afinal estava sentindo muitas dores na cabeça e na mão. Passados alguns minutos a SAMU chegou e prestou atendimento. Como Mauricio parecia um pouco desnorteado, a SAMU resolveu chamar a polícia que constatou que Maurício não estava drogado e nem alcoolizado, mas ao olharem o porta mala ficaram estarrecidos, imediatamente deram voz de prisão para Maurício que não conseguia entender o que estava acontecendo. Antes de o colocarem no camburão perguntaram se o carro era dele e ele respondeu que sim, depois perguntaram se ele sabia o que estava no porta malas e ele respondeu que tinha apenas algumas roupas, então os policiais mostram pra ele o porta malas. Lá dentro tinha o que parecia ser um saco de lixo dentro de uma caixa de isopor contendo pedaços de corpos humanos. Quando Maurício viu aquilo quase vomitou e disse que não sabia o que era.
Mais tarde a polícia foi até sua casa e encontrou em seu porão vários pedaços de corpos humanos separados em copos grandes de vidro, alguns com línguas, outros com dedos, olhos, partes genitais etc.
Os crimes que estavam acontecendo na região central da cidade eram obra de Maurício. A última vitima, a garotinha, era filha de uma das funcionarias da empresa que Maurício trabalhava, que por acaso o irritava perguntando para que servia cada coisa do escritório. Outra das vítimas que ainda estava desaparecida era Gilberto, outro colega de trabalho de Maurício, que também o irritava com suas fofocas. Foram encontrados também restos mortais de um “flanelinha” que teria sido responsável por um arranhão no carro de Maurício. Partes do corpo de um vizinho de Maurício que sempre colocava musicas em volume alto aos fins de semana. Também de um garoto de seu condomínio que sempre acertava seu carro quando jogava bola. Mas pelo estado do corpo sua primeira vítima teria sido sua própria esposa que sempre ficava reclamando de suas horas extras.
Maurício disse não se lembrar de nada, ao que parece a enorme carga de estresse fez esse homem outrora pacato e tranquilo se transformar em um assassino psicótico.
O que aconteceu com Maurício motivou muitos estudos sobre o assunto. Estaríamos nós também sujeitos a fazer tal coisa em situações de extremo estresse? Qual será o limite de cada um de nós? Qual seria o botão que ligaria esse estado em você? Muitos temem saber a resposta…