Ele o jogou contra a parede com muita força. Tentou correr, mas o monstro foi mais forte o arremessando uma segunda vez com mais intensidade, fazendo o espelho do outro lado do quarto trincar. A violência foi tanta que começou a expulsar uma tosse seca e com muito sangue da sua boca, fazendo sujar o rosto da criatura.
Desesperado, tentou gritar, porém o seu pescoço foi levantado para cima e com aquelas garras longas penetrando a sua pele. Até que ele começou a chutar o estômago do monstro que o apertava mais forte, mas não o suficiente para quebrar o seu pescoço. Deu logo para perceber que a monstruosidade estava apenas iniciando a tortura e eu estou apreciando de cima da minha cama, tarde da noite e sozinho.
O meu pai olhou em minha direção com os olhos lacrimejando por conta da dor e o seu inimigo deixou que ele tentasse escapar arrastando as suas pernas machucadas. Contudo, o monstro pegou uma cadeira e quebrou em suas costas, deu três pisões, tão fortes que eu pude escutar um dos seus ossos quebrando somado ao grito de horror que ficou preso nas paredes silenciosas do meu quarto.
A minha mãe estava dormindo um sono pesado por causa dos remédios que o meu pai colocou em sua sopa. Dessa forma ela não podia ouvir nada e não acordaria até amanhecer o dia. Talvez fosse acordar na hora do almoço, reclamando das dores de cabeça e voltaria a segurar a sua bebida.
O monstro cravou suas grandes e afiadas garras no pé esquerdo do meu pai, arrancando um pedaço e fazendo ele gemer como um gatinho assustado. Papai percebeu que a atenção daquele ser estava toda em cima dele e tentou correr para cama. O demônio ainda colocou as mãos em mim, então eu senti aquela sensação de pavor que tinha passado ao longo desses anos. Fora isso, apenas deixou uma marca de sangue até ser puxado mais uma vez para o chão e ser socado tantas vezes na boca que os seus dentes ficaram espalhados pelo carpete azul do quarto.
Eu não parava de tremer e segurar o cobertor sobre o meu corpo, no entanto, não consegui desviar o olhar para o que estava acontecendo e observar a criatura arremessando o meu pai em todos os cantos do quarto, assim, quebrando todos os móveis e colocando a sua cabeça contra a parede com muita força. O psicológico do meu criador já havia sido destruído há muito tempo, mas ele não parava de jogar o corpo machucado e fraturado do meu progenitor como se fosse um boneco. O seu crânio parecia de aço para suportar tantas investidas! O monstro colocou a boca nos dedos do meu pai, sua boca babava igual um cachorro raivoso, e arrancou cada um deles. Fraco e impotente, a única coisa que ele conseguia fazer era gritar tão alto que parecia que o piso do meu quarto estava estrondando por conta da agonia intensa.
O monstro já havia arrancado todos os dedos do meu pai e puxado sua língua de dentro da sua boca para parar de pedir socorro, fazendo o quarto ficar com vários respingos de sangue em todas as partes como se fosse uma arte prazerosa criada por aquela criatura que havia saído debaixo da minha cama e surpreendido o meu pai no meio da madrugada. O meu progenitor parou de gritar, porque o seu corpo estava muito anestesiado com aquela dor intensa em todas as partes e as fraturas estavam ficando piores. O agressor, para finalizar o seu ataque, arrancou sua roupa e mordeu o pescoço do papai o matando de imediato
Todo seu corpo estava banhado com sangue, e eu pude perceber o que restou do meu pai destruído no chão. A criatura olhou para mim, com seus dentes ainda com pedaços de carnes do meu pai presos entre aquelas coisas afiadas e suas garras pareciam brilharem com a luz do luar vindo da janela por causa daquele líquido quente escorrendo entre eles. Os seus olhos estavam tão observadores em minha direção que eu não sabia o que fazer. Memórias invadiram a minha cabeça até lembrar o que havia acontecido e a criatura aparecido no meu quarto para assassinar um membro da minha família tão ferozmente…
Tudo começou quando a minha mãe conheceu um novo homem, e disse que ele seria o meu pai a partir daquele dia que nós fomos morar na casa do homem estranho aos meus olhos. Tudo parecia feliz até que a noite chegou, e aquele demônio começou a entrar no meu quarto e me machucar, fazer com que eu sofresse e sentisse muita dor…. Não havia ninguém para me ajudar, visto que minha mãe estava sendo dopada. Eu, com meu corpo fraco, magro e indefeso não poderia fazer nada para as visitas em todas aquelas noites tristes.
O demônio começou a machucar minha mãe e impedir que ela saísse de dentro de casa, e nós ficamos sendo vítimas de maus-tratos. Ele sempre conseguia ameaçar a mamãe para que ficasse de bico calado e me machucava. No meio da madrugada, dava para ouvir suas gargalhadas e os seus olhos assustadores brilharem no escuro, dizendo que eu merecia tudo aquilo que estava fazendo comigo. Sentia-me em um pesadelo horrível e cruel. Até que nessa noite, de quinta-feira, tudo mudou quando o meu pai apareceu…
Não conseguiria dormir mesmo que tentasse, sabendo que o demônio iria aparecer mais uma vez no meu quarto. Encontrava-me com medo e sentindo-me indefeso, quando observei a mão de uma criatura saindo debaixo da cama e o seu braço se movimentando de formas estranhas como se estivesse muito ansioso por algo. No espelho, do guarda-roupa, eu pude observar ele olhando para a porta do quarto.
O momento intenso, o qual estava vivendo naquele momento, fez com que eu ficasse em silêncio e sem saber o que fazer. Sentia-me com muito medo para sair da cama e correr, visto que aquilo poderia facilmente agarrar minha perna. Ouvir a maçaneta da porta fazendo barulhos e ela sendo aberta… Lágrimas já estavam correndo em meus olhos e juntei os membros do meu corpo permanecendo encolhido, até que o demônio apareceu… Senti um frio na espinha, mas ouvi algo no meu quarto dizendo:
– Ele não vai lhe machucar essa noite. – um monstro projetou-se debaixo da cama, espremendo o seu corpo e avançando diretamente contra o demônio…
História de Terror escrita por Sombrio