Nunca fui com a cara de Sérgio, o novo funcionário do escritório. Ele olhava para as pessoas que se fosse superior. Era grosseiro e pouco falava.
Numa noite em que precisei fazer hora extra, Sérgio ainda estava sentado no seu lugar, organizando o material para poder ir embora. Assim que terminou o que estava fazendo, foi ao banheiro e lá ficou por alguns minutos.
Eu estava cansado e sonolento, então não tinha certeza do que tinha visto, só confirmei dias depois. Assim que Sérgio entrou no banheiro, uma fumaça cinza o acompanhou. Minutos depois, ele saiu diferente. Me desejou bom trabalho e foi embora. Achei isso um pouco estranho, afinal, ele era ranzinza e pouco comunicativo.
No outro dia, ele parecia ser uma outra pessoa. Estava conversando com todos, mas eu sabia que tinha algo errado.
Em determinado momento, Sérgio deu um tapa no rosto de Beatriz, uma colega de trabalho. Todos nós ficamos sem entender o que estava acontecendo. A primeira reação de quem estava próximo, foi de proteger a funcionária.
Como eu já não gostava daquele rapaz, levantei da minha cadeira e parti para a agressão. Assim que dei o primeiro soco no desgraçado, senti minha visão nublar, na sequência, levei um soco no nariz e apaguei.
Tempo depois, acordei e minha visão ainda estava nublada. Não conseguia enxergar nada. Respirei fundo, tentei me acalmar e senti o sangue escorrer do meu nariz para minha boca.
Em alguns minutos, vi Sérgio caído na minha frente, morto. Assustado, fui até ele e tropecei no corpo de Beatriz. Todos os funcionários do escritório estavam mortos.
Aquela fumaça cinza, que despertou a agressividade de Sérgio, fez o mesmo comigo. Ninguém conseguiu me conter, nem eu mesmo.
Desolado, olhei para os corpos dos meus colegas. Mesmo mortos, eles continuavam olhando pra mim. Todos os olhos em mim!