Janaína estava passando os números de telefone dos seus amigos da agenda velha para uma nova quando viu o número de Patrícia. Uma amiga falecida há alguns meses em um acidente de carro quando voltava de uma festa com seu namorado Pedro que ainda estava em coma. Na época, o acidente foi causado por um motorista bêbado em alta velocidade e Patrícia morreu no local.
Janaína sentiu um frio na espinha e uma tristeza repentina. Pensou em ligar para o número e talvez escutar a voz de sua amiga em uma gravação se o telefone ainda estivesse ativado. Hesitou por um instante, pois não sabia qual seria sua reação ao escutar a voz da amiga, mas pegou o telefone e discou o número. Escutou o telefone chamando duas vezes e fez menção de desligar, pois se sentia boba fazendo aquilo, porém alguém atendeu.
“Alô.”
“Oi Janaína.” – respondeu a pessoa do outro lado da linha.
“Quem está falando?”
“Quem mais poderia ser? É a Patrícia.”
“É impossível!”
“Como assim? Você ligou para o meu número, quem você esperava que atendesse?”
Aterrorizada e sem saber o que fazer Janaína continuou a conversa, que foi curta, pois ela estava com muito medo. Nos próximos dois meses ela continuou ligando para o número que sempre era atendido pela amiga já morta, conversava rapidamente e desligava. Então, certo dia, Pedro saiu do coma, porém ainda ficou no hospital se recuperando das fraturas.
Um dia Janaína decidiu que iria ligar e perguntar sobre o acidente e se ela se lembrava de algo. Ela ligou e Patrícia começou a fazer perguntas sobre seu namorado.
“Janaína, você tem alguma notícia do Pedro? Porque ele não me liga? Ele me prometeu estar do meu lado não importa o que acontecesse. Ele desapareceu e não me liga! Tenho me sentido tão sozinha.” – perguntou Patrícia com voz de choro.
Janaína estava paralisada, não sabia o que dizer ou qual seria a melhor resposta. Então falou a primeira coisa que lhe veio à mente.
“Porque… porque você morreu naquele acidente de carro.” – respondeu ela com calafrios.
A última coisa que ela escutou foi o grito de terror de sua amiga e o sinal de ocupado logo em seguida. Rapidamente ela discou novamente o número de Patrícia, porém dessa vez a voz do outro lado da linha disse:
“Este número é inexistente.”