O ano letivo escolar acaba de terminar, e eu e minha família estamos a caminho da casa da minha avó.
Passarei as ferias na casa dela, apesar de ser minha primeira vez indo até lá. Dirigindo o carro está meu pai e ao seu lado minha mãe. Sim, sou filho único, mas isso não me incomoda.
Depois de sete horas de viagem finalmente chegamos.
A casa era enorme e a madeira parecia ser bem velha, mas só parecia mesmo. Minha avó parece que já me esperava e veio em minha direção apertar minhas bochechas. Aquilo já não era mais necessário, eu já tenho doze anos.
Ela percebeu minha cara de desgosto por ela pensar que ainda sou uma criança, mas logo me fez mudar de expressão ao me chamar pra comer biscoitos frescos.
A casa, por dentro, parecia ser enorme. Entramos e lá estava um primo meu, que tinha mais ou menos minha idade. Depois que acabamos de comer os biscoitos, eu e meu primo fomos explorar a casa.
– Cadê seus pais Lucas? – Perguntei para meu primo.
– A vovó disse que eles saíram – ele respondeu.
A casa parecia não ter fim de tão grande. Então, meu primo sugeriu brincarmos de esconde-esconde. Eu aceitei e ele propôs começar a bater a cara.
Logo que ele começou a contar, eu saí correndo. Subi as escadas e encontrei um sótão. Entrei nele e me agachei no canto da parede.
Bom tempo se passou e eu ainda não tinha sido encontrado. Então, decidi dar uma olhada por pelo local.
Eu encontrei um enorme baú. Como sou curioso, tentei abrí-lo. A tampa era meio pesada, mas com jeito eu consegui levantá-la. Tinha vários ursos de pelúcia empoeirados ali dentro. Eu peguei um dos ursos. Ele cheirava mal.
Um barulho na escada me faz cair ao chão com o susto e a tampa se fechou. Era meu primo, ele me encontrou.
Eu decido parar de brincar, pego o urso em meus braços e saio dali para meu quarto.
– A vovó pode reclamar se você rasgar o urso dela. – ele disse.
Dou de ombros e saio correndo.
Por conseguinte, deixei o urso em uma pequena poltrona que ficava no meu quarto e fui tomar banho para poder jantar.
Assim que terminei meu banho, notei que o urso já não estava mais na poltrona onde eu o havia deixado. Então, eu o procurei por todo o quarto, mas nada de encontrá-lo.
Desci as escadas para perguntar se alguém tinha pegado e logo me deparei com meu primo brincando com ele.
– Me devolva meu urso – Eu pedi.
– Esse urso não é seu, ele é da vovó – ele afirmou.
Eu e meu primo seguramos o urso pra ver quem ficava com ele na força, mas eu escorreguei, caí e meu primo começou a debochar de mim.
Eu comecei a chorar e disse que ele não devia estar ali com a gente e que eu queria que ele morresse, assim estaríamos mais felizes. Meu primo deu de ombros e eu saí correndo de volta pro meu quarto.
Passei na frente da minha avó que estava sentada costurando alguma coisa e ela me perguntou:
– O que foi?
– O Lucas pegou meu urso – Eu disse e saí, ainda chorando.
Depois de algumas horas, assim que todos já estavam dormindo, alguém gritou lá do andar de baixo.
Imediatamente, todos desceram as escadas assustados para verem o que estaria acontecendo.
Meu primo estava morto no tapete da sala. Não havia perfurações em seu corpo. Sua pele estava extremamente branca e seu cabelo foi bastante cortado. Então, abracei forte meu pai e comecei a chorar.
Ele me deixou no quarto e desceu com a mamãe para chamar a ambulância.
Passadas algumas horas, eu não escutava mais nada, então resolvi ir ver como estavam as coisas.
O corpo do meu primo já não estava mais no tapete, acho que meus pais foram para o hospital.
O urso estava no chão. Me agachei e peguei ele. Eu fiquei observando-o e vi que tinha outro na cadeira. Me aproximei e deixei os dois ali.
Fui pra cozinha e vi uma poça de sangue. Dei a volta pela bancada e vi meu pai sem os olhos, com a boca aberta e a pele extremamente pálida.
– Pa… Papai – Eu só consegui dizer aquilo, pois nem chorar eu conseguia. Meu coração batia forte e rápido, quase no mesmo ritmo que meu corpo tremia de pavor.
Voltei pra sala e dei de cara com outro urso jogado no chão. Os olhos dele eram da mesma cor dos de meu pai. Deixei ele na cadeira com os outros e fui procurar minha mãe ou minha avó.
Fui até o quarto da vovó e não encontrei ninguém. Ao voltar para sala encontro minha mãe enforcada no corredor que levava até a sala de jantar. Não é possível! Como?!
Eu vi aquilo e caí sentado no chão. Consegui me levantar com muita dificuldade e corri até a sala. Lá, vejo outro ursinho no chão com um laço no pescoço.
– Você esta aí. – A voz da minha avó perguntando por mim.
– Vovó! Você está bem? – Pergunto animado.
– Você abriu o baú da vovó não foi? Você não deveria ter feito isso. Agora você fará parte da coleção junto com o restante da família.
– Mas… Mas e a senhora?
– Eu…? Logo irei meu neto – Disse ela com um ursinho pequeno em seu colo e um outro que estava a costurar.
A História de Terror ‘O Baú da Vovó’ foi escrita por Falkin Frost. Revisada e Corrigida por Mundo Sombrio