Aquela região apresentava-se ultimamente aterrorizada e alarmada. Aconteciam já, há alguns meses, sequências de estupros e assassinatos de mulheres jovens. Elas eram encontradas com sinais de violência física com requintes de crueldade, além da violência sexual a que eram igualmente submetidas. Até os policiais e investigadores mais experientes sentiam-se nauseabundos com as cenas grotescas dos crimes, pois os corpos das vítimas eram encontrados em condições deploráveis.
O criminoso não deixava rastros e nenhuma impressão digital, gota de sêmen e/ou outro material genético que porventura pudesse servir de pista. Era extremamente meticuloso, mas um detalhe chamava atenção. O criminoso deixava uma flor sobre a vítima. Sim, uma flor bonita em cima do corpo sem vida e banhado em sangue. Portanto, este era seu Modus Operandi.
Os intervalos dos crimes eram inteligentemente planejados e, algumas vezes, até coincidiam com outros acontecimentos. Tudo isso, para que o serviço de investigação ficasse dividido e ocupado entre uma ocorrência e outra.
Em seu apartamento, o homem chegara cansado de um dia exaustivo de trabalho e, após tomar seu relaxante banho, passou a arrumar num lindo vaso em uma mesa de centro, lindas flores do campo, escolheu uma gérbera, a mais bonita do buquê, cheirou-a e depositou-a sobre a mesa. Ele abriu uma gaveta e pegou sua faca afiadíssima. Fazia muito frio e chovia aquela noite. Então, o homem saiu à caça munido de seus pertences, a faca e a flor, pois ele não poderia esquecer da flor…
Escolheu um lugar relativamente ermo, um parque residencial. Pôs-se atrás de uma árvore de onde possuía uma visão global do local. Lógico que ele já estivera ali durante o dia a fim de realizar a pesquisa de campo e o planejamento da ação. E passou a aguardar.
Passadas algumas horas avistou uma mulher e uma criança. Ele já sentia seu membro rijo de excitação em pensar no medo e no desespero que causaria as vítimas e ainda teria uma criança de brinde. Seriam duas mortes! Era seu dia de sorte.
Ele saiu por detrás da árvore e passou a segui-las. A mulher olhou para trás e apertou o passo. O homem então, agiu igualmente, passando por elas, arrastando-as e empurrando-as para um pequeno beco. As duas vítimas caíram no chão e se abraçaram. A menina escondia o rosto no colo da mãe e tremia, a mãe fazia o mesmo e pedia por favor para deixá-las em paz. O homem já se livrava de suas vestes e ria de satisfação. Então, pegou a mulher pelos cabelos e jogou-a de cara contra a parede. Quando preparava-se para esfaqueá-la, sentiu uma dor aguda no pescoço. A garotinha cravou-lhe as garras enormes em sua pele, rasgando-a inteira e as presas em seu pescoço tirando-lhe um pedaço enorme do músculo.
O sangue arterial esguichava.
Ele caiu no chão com as mãos no pescoço, engasgado com seu próprio sangue. Espantado e incrédulo, viu as duas, não, os dois monstros aproximarem-se com seus dentes enormes, pontiagudos, olhos vermelhos, pele pálida e as bocas salivando abundantemente com um riso de escárnio assustador. Então, as duas dilaceraram-no, sorvendo com avidez o seu sangue quente.
No dia seguinte, a equipe da polícia e investigadores foram para o local do crime. Lá estava o homem, com os olhos arregalados e uma expressão de pavor. Totalmente nu, rígido, azulado e imóvel. Seu corpo fora dilacerado e estava sem uma gota de sangue sequer mas, o que mais lhes chamou a atenção, foi que sobre o cadáver jazia uma flor, uma linda gérbera.
ESCRITO POR: Silvia Restani